Médico que viu Covid-19 no Brasil ‘similar’ ao na Itália deixa Ministério da Saúde

Frederico Brasil/Futura Press/Estadão Conteúdo Júlio Croda fazia parte do núcleo duro do Ministério da Saúde nas questões envolvendo o coronavírus

Em meio à crise provocada pelo novo coronavírus, o núcleo duro do Ministério da Saúde sofreu uma baixa por divergências internas. O médico Júlio Croda, que ocupava o cargo de diretor do Departamento de Imunizações e Doenças Transmissíveis, não fará mais parte da pasta. Ele está de férias até o dia 4 de abril, mas, depois, não voltará mais à mesma função.

Segundo uma fonte ouvida pela reportagem, a ideia é de que Croda assuma, a partir do dia 5 de abril, a função de coordenador de especialistas da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).

Croda atuou em medidas relacionadas ao novo coronavírus desde a Operação Regresso, que repatriou brasileiros que moravam em Wuhan, epicentro do novo coronavírus. Ele, inclusive, chegou a aparecer ao lado do ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, durante algumas entrevistas coletivas sobre o tema.

A saída teria sido motivada por divergências entre Croda e Wanderson de Oliveira, secretário de Vigilância em Saúde do ministério. Ambos estariam sofrendo com “ruídos internos” potencializados pelo estresse vivido pela equipe durante a pandemia.

Há alguns dias, Croda afirmou que, no Brasil, o novo coronavírus tem se comportado de forma semelhante ao que ocorre na Itália, um dos países mais atingidos pela pandemia depois da China.

“Não temos como prever exatamente o pico da epidemia, porque pode ser que as medidas adotadas tenham algum impacto. O que a gente está observando é que o vírus está se comportando de forma similar à Itália, Espanha e Reino Unido, com o mesmo padrão no número de casos”, disse no início da semana passada.

Em nota, o Ministério da Saúde informou que a direção do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis está em fase de transição. De acordo com a pasta, Croda deixaria a função no início do ano, mas “alongou sua permanência na gestão a pedido do Ministério da Saúde, para o enfrentamento da Covid-19“.

“Inicialmente estava previsto para deixar a direção no início do ano. Com as primeiras medidas tomadas, seguirá o plano de auxiliar o Ministério da Saúde na coordenação do comitê de especialistas que assessoram a pasta para o enfrentamento da Covid-19”, diz o texto. “(Croda) Estará de férias até o dia 4 de abril, retornando para sua nova função de coordenador de especialistas no dia 5 de abril, junto a Fiocruz e UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul)”, conclui a nota.

*Com informações do Estadão Conteúdo