Carla Zambelli é intimada a depor em inquérito do 7 de setembro
A intimação foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, que é relator do processo que tramita no Supremo Tribunal Federal; a abertura das investigações foi solicitada pela Procuradoria Geral da República em agosto
A deputada federal Carla Zambelli (PSL) foi intimada, neste sábado, 4, pela Polícia Federal, a depor no chamado ‘inquérito do 7 de setembro’, que apura a organização de atos antidemocráticos previstos para ocorrer no feriado nacional da Independência. A intimação foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, que é relator do inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal. A abertura das investigações foi solicitada pela Procuradoria Geral da República, em agosto, para investigar Otoni de Paula, Sérgio Reis e outras oito pessoas suspeitas de envolvimento na organização dos atos. Segundo carta divulgada pela deputada, a oitiva deve ser realizada até este domingo, 5, ou seja, antes das manifestações de 7 de setembro. “Mesmo sem ter acesso aos autos, em respeito à Polícia Federal e à Constituição, me farei presente”, declarou Zambelli.
No documento, a deputada ainda lembrou as manifestações de 2015 que impulsionaram o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e, mais uma vez, convocou a população para participar dos atos na próxima terça-feira. “É certo que para mim, o mar ficará agitado após essa oitiva, mas nada impedirá que mantenha minhas convicções e acredite naquilo que sempre defendi. Aproveito esse momento para relembrar ao povo, que por sua vontade, sem quebrar qualquer vidraça, retiramos uma Presidente da República do Palácio do Planalto. É com esse mesmo espírito que conclamo a todos meus amigos, eleitores e cidadãos brasileiros a comparecerem às manifestações da Nova Independência com o propósito de pacificar o país, unir o país em prol da defesa da Constituição e das liberdades, sem qualquer ato de violência ou ataque a quem quer que seja”.
Nesta sexta-feira, 3, a PF prendeu, no âmbito do inquérito, o blogueiro bolsonarista Wellington Macedo de Souza, investigado por suposto envolvimento na organização dos atos convocados para o 7 de setembro. Em seu perfil no Twitter, Macedo, que foi candidato a vereador nas eleições de 2020 em Sobral, no Ceará, se apresenta como especialista em jornalismo investigativo. Macedo já havia sido alvo de buscas no dia 20 de agosto, em uma operação que também atingiu o cantor Sérgio Reis e o deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ), aliado do presidente Jair Bolsonaro no Parlamento. De acordo com a PGR, o blogueiro é um dos responsáveis pela convocação e divulgação do “ato violento e antidemocrático” previsto para o feriado do Dia da Independência do Brasil.
Em entrevista o programa Pânico da Jovem Pan, a deputada falou sobre as manifestações convocadas pela base de apoio do presidente Jair Bolsonaro. Na ocasião, Zambelli afirmou que as pessoas estão sendo privadas de questionar. “A gente está vivendo um momento difícil no mundo todo, mas o que mais incomoda no momento de uma pandemia de proporções catastróficas em que houve o maior impacto econômico de décadas, é que as pessoas estão menos preocupadas com a pandemia do que com a falta de liberdade que elas têm de falar mal muitas vezes até da pandemia, de questionar as coisas, não se pode mais questionar. Estou há 10 anos fazendo essa manifestação do dia 7, nunca tive papas na língua, fiz vários bonecos de ministros do STF, coloquei o Lewandowski com um rato, o Marco Aurélio quebrando a constituição. Coragem eu tenho, mas vale o custo benefício? Vale o custo perder minhas redes sociais ou ser presa?”.
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