Controladoria mapeia patrimônio “incompatível” e lancha suspeita de ex-governador do AM

  • Por Estadão Conteúdo
  • 10/01/2018 12h52 - Atualizado em 10/01/2018 13h00
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Herick Pereira/ Agecom Herick Pereira/ Agecom Além da incompatibilidade entre o patrimônio e a renda, a nota cita que uma empresa com mais de R$ 18 milhões em contratos com o Estado pagou R$ 3 milhões ao político "por uma lancha"

Uma nota técnica produzida pela Controladoria-Geral da União no Amazonas concluiu que o governador cassado José Melo (PROS) e sua mulher, Edilene de Oliveira, apresentam “movimentações financeiras suspeitas” e “patrimônio incompatível” com suas rendas oficiais.

O casal foi preso pela Polícia Federal em desdobramento da Operação Maus Caminhos – a fase Estado de Emergência -, que investiga desvios milionários do setor de Saúde do Amazonas.

Além da incompatibilidade entre o patrimônio e a renda, a nota assinada pelo auditor federal Ulysses Mendonça cita que uma empresa com mais de R$ 18 milhões em contratos com o Estado pagou R$ 3 milhões ao político “por uma lancha que não constava em sua relação de bens da campanha eleitoral de 2014”.

“O crescimento patrimonial experimentado por José Melo em apenas 3 anos (período em que esteve como governador do Amazonas) chamou tanta atenção que a mídia chegou até a publicar notícias sobre a compra de uma mansão no valor de R$ 7 milhões”, assinala a nota.

A CGU também indica a existência de um sítio da família da mulher de Melo que teria sido beneficiado e cuja estrada de acesso é a única da região que foi asfaltada. A obra teria custado R$ 8 milhões.

Defesa

A reportagem tentou contato com o advogado José Carlos Cavalcanti Junior nesta quarta-feira, 10. O espaço está aberto para manifestação. Quando José Melo e a mulher foram presos, Cavalcanti Junior declarou que o casal não cometeu crimes. Ele esclareceu o episódio em que a mulher de Melo é suspeita de destruição de provas. Edilene foi flagrada pelas câmeras de segurança de uma empresa de locação de boxes retirando caixas.

“A prisão preventiva foi decretada com base em informações parciais de fatos confirmados pela sra Edilene Melo e por suposições sem qualquer base fática comprovada”, afirmou Cavalcanti Junior.

“É fato que a sra Edilene Melo esteve em empresa local de ‘guarda volumes’ dois dias após as ordens de busca e apreensões, entretanto esteve no local para fazer novas chaves para ter acesso à cera de depilação, material necessário ao funcionamento de sua empresa. Foram retirados do local 5 caixas de cera conforme já circula em imagens de câmeras da própria empresa divulgadas na imprensa local.”

O advogado rechaçou, ainda, a versão de que o casal estaria monitorando testemunhas da Operação Maus Caminhos. “Não se pode atribuir ao casal Melo os medos e ilações de uma suposta testemunha que havia trabalhado na residência do casal. Consta da decisão (judicial) que esta ‘testemunha’ teria se referido a ‘uma S10 branca de vidros escuros que o estaria seguindo e ao vê-lo adentrar o prédio do Ministério Público Federal teria saído do local’. Ora a avenida onde está localizado o prédio do MPF é de grande movimentação e, por certo, mantém câmeras do sistema de monitoramento público. Além disso, o prédio em questão também é dotado de sistema de câmeras, então causa espécie que o suposto veículo não tenha sido invetigado pela polícia.”

“Para a defesa a declaração (da testemunha) é fantasiosa e jamais poderia ser utilizada para motivar uma prisão preventiva ”

“Afirmou-se ainda na decisão que a ordem pública estaria ameaçada, conforme movimentação de populares em redes sociais. Ora, não se tem notícia de nenhuma manifestação no mundo real que leve ao menos a supor que a ordem pública esteja em risco. O mundo virtual é campo fértil para fraudes e introdução de falsas ideias”, prosseguiu o advogado.

“Sendo assim a liberdade dos investigados José Melo e Edilene Melo não constitui em nenhuma forma de risco para a investigação ou perturbação da ordem pública.”

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