Filho de vítima de incêndio relata explosão e cheiro de diesel: ‘Houve negligência do hospital’

  • Por Jovem Pan
  • 13/09/2019 13h00 - Atualizado em 13/09/2019 16h25
CLAUDIA MARTINI/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO 11 pessoas morreram no incêndio

Emanuel Ricardo dos Santos Melo estava com a mãe, Luzia, de 88 anos, no Hospital Badim, no Rio de Janeiro, desde a manhã de quarta-feira (11). Ela havia sido internada por problemas respiratórios, mas se recuperava bem, segundo o filho, e poderia ter alta na semana que vem. Luiza, no entanto, foi uma das 11 vítimas do incêndio no hospital, ocorrido na noite desta quinta-feira (12).

De acordo com Emanuel, na manhã antes do incêndio, houve falta de luz seguida de explosão.  “Estava com a minha mãe como acompanhante [no hospital] desde quarta-feira às 11h30. Estava direto no CTI, que fica no andar G1. Ela estava no boxe 12. Pela manhã, teve uma primeira falta de energia muito forte e depois de um tempo veio a segunda Na primeira, o pessoal da manutenção do Badim foi passando nos boxes tranquilizando, dizendo que estava tudo resolvido, que a energia ia voltar, como voltou. Depois de 20 minutos no máximo, faltou [energia] de novo. Houve uma explosão e começou fumaça muito densa, muito cheiro de diesel, muito forte”, contou.

“Os funcionários estavam totalmente perdidos, batendo cabeça, sem saber o que fazer. A enfermeira que era responsável pelo setor sumiu. Fechei o boxe para que minha mãe não respirasse fumaça. Peguei minha blusa para me proteger. E quando vieram pegar ela, para levar para onde estava o Corpo de Bombeiros, eu tentei deixar ela tranquila. Arrumei a máscara nela. Só falava para ela não tirar, para não falar. Ela só balançava a cabeça”, disse.

“Quando ela chegou no Corpo de Bombeiros, pensei: pô, finalmente, agora está tranquilo. Mas os bombeiros não permitiram acompanhamento, além de violência física em quem tentava ficar com seu acompanhante. Não permitiram de jeito algum, embora pedíssemos a todo instante. Alegaram que a gente tinha de sair por outro canto. Não tinha ninguém conduzindo. Podíamos ter morrido também”.

“Não tinha brigada de incêndio nem orientação. Zero. Não houve nada [de orientação], absolutamente nada. Eu e meu irmão percorremos o Rio de Janeiro atrás da nossa mãe, as informações estavam totalmente desencontradas. O Badim não falava coisa com coisa, a Defesa Civil muito menos. Dizem que tinha muitos médicos, balela. Com certeza a morte dela poderia ter sido evitada. Foi um assassinato, houve negligência do hospital. E houve sim truculência do Corpo de Bombeiros. Só faleceram as pessoas que estavam no G1. Morreram idosos”, finalizou.

*Com Estadão Conteúdo

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