Janot chama de ‘levianas’ acusações de que vazamentos são para pressionar STF

  • Por Estadão Conteúdo
  • 10/06/2016 13h55
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Marcelo Camargo/Agência Brasil Rodrigo Janot

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pontuou, em pronunciamento durante evento em Brasília que reuniu integrantes do Ministério Público, nesta sexta-feira (10), que nega as acusções de que a procuradoria tenha sido responsável por vazamentos da Operação Lava Jato, rebatendo críticas e afirmando que não tem pretensão de sair candidato após deixar o cargo. Em um discurso forte e inesperado, ele deu recados claros a adversários e afirmou que ninguém está acima da lei.

Janot fez menção direta à divulgação recente dos pedidos de prisão contra quatro dos principais nomes do PMDB e chamou de “levianas” os dizeres do STF de que o vazamento teria saído da própria Procuradoria-Geral da República (PGR) como forma de pressionar a Corte a mandar prender os políticos. O jurista apontou que a teoria foi disseminada por “figuras de expressão nacional que deveriam guardar imparcialidade e manter o decoro”.

“O vazamento não foi da PGR. Aliás, envidarei todos os esforços que estiverem ao meu alcance para descobrir e punir quem cometeu esse crime. Como hipótese investigativa inicial, vale a pergunta: a quem esse vazamento beneficiou? Ao Ministério Público não foi”, coloca. Sem citar nomes, o ministro do STF, Gilmar Mendes, nesta semana, criticou os vazamentos, dizendo que o caso trata-se de uma “brincadeira” com a Suprema Corte e “abuso de autoridade”, insinuando que as informações teriam sido divulgadas pela PGR.

Em resposta às críticas de que dá prioridade a inquéritos contra políticos específicos e se concentra em investigar membros de determinados partidos em detrimento de outros, Janot explicou que não faz distinção entre os investigados. “Jamais permiti que preferências pessoais ou partidárias se homiziassem nas atividades profissionais.”

“Nunca terei transgressores preferidos como bem demonstra o leque sortido de autoridades investigadas e processadas por minha iniciativa perante a Suprema Corte. Da esquerda à direita, do anônimo às mais poderosas autoridades, ninguém, ninguém mesmo, estará acima da lei, no que depender do Ministério Público”, bradou.

Justiceiro

O procurador-geral da República disse cumprir com o dever estrito da função que exerce e que não hesitará em investigar, processar e buscar a punição de corruptos, sem, no entanto, se desviar da constituição, “ser Ministério Público não é ser justiceiro. Rechaço enfaticamente a possibilidade de agir motivado por objetivos que não sejam o cumprimento isento da missão constitucional que me cabe desempenhar como membro do Ministério Público.”

O procurador também fez um balanço sobre o trabalho no MP destacando as dificuldades para chegar até o cargo e afirmou que nunca buscou ser unanimidade na vida pública, “nunca esperei que, nesse árduo trabalho, fosse possível ao Ministério Público passar incólume a críticas, nem que me fosse dado pairar sobranceiro aos interesses de fortes estruturas que parasitam o Estado e se beneficiam, há décadas, da usurpação do patrimônio de todos.”

Janot também rebateu as especulações de que as medidas que estava tomando à frente da Procuradoria-Geral da República teriam como objetivo cacifá-lo para concorrer à presidência em 2018. Ele afirmou que vai se aposentar assim que terminar deixar o cargo daqui a 1 ano e quatro meses, “Aqui reafirmo que não serei candidato a qualquer cargo eletivo seja no Executivo, seja no Legislativo”, terminou.

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