“O nu na arte é presente em todos os museus do mundo”, diz curador do MAM
Uma nova polêmica foi criada nas redes sociais após uma performance artística: dessa vez, páginas viralizaram conteúdos mostrando fotos e vídeos registrados no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), que mostram uma menina, que aparenta ter em torno de cinco anos, tocando os pés de um artista nu que estava imóvel e deitado sobre o chão.
A performance ocorreu na última terça-feira, 26, na abertura da 35º Panorama da Arte Brasileira, tradicional exposição bienal do museu. O artista e performer carioca Wagner Schwartz apresentou sua La Bête, performance que apresenta desde 2015 a partir da leitura da série Bichos, de Lygia Clark.
Segundo o site do ator (que foi contatado pela reportagem mas preferiu não se manifestar), na performance ele manipula uma réplica de plástico de uma das esculturas da série, e o objeto “permite a articulação das diferentes partes do seu corpo através de suas dobradiças”, quando o público é convidado a participar.
Nos vídeos que circulam pelas redes sociais, a criança parece mostrar curiosidade enquanto engatinha pelo tatame, vendo uma mulher adulta tocar os pés do artista. A mulher a incentiva a participar, a menina ri, toca rapidamente os dedos dos pés e o pulso dele, e volta à plateia diante de sorrisos do público.
“O nu na arte é presente nos museus do mundo inteiro, desde a arte pré-histórica, há 12 mil anos”, diz o curador do MAM, Felipe Chaimovich, ao jornal “O Estado de S. Paulo”. “Isso é uma presença constante. Por outro lado, a questão específica da obra da Lygia Clark, grande pano de fundo da nova objetividade brasileira, tema desse panorama, é a obra participativa. Isso que foi trabalhado nessa performance”, explicou.
“Temos que refletir com uma visão mais ampla de história. Estamos falando de uma coisa que tem 12 mil anos. Não é uma questão pontual da arte contemporânea. Estamos falando dos museus do mundo inteiro.”
As críticas, que se multiplicaram em publicações durante a madrugada e a tarde desta sexta-feira, 29, acusam o museu de “incentivo à pedofilia”. O teor dos comentários é o mesmo daqueles que levaram o Santander Cultural a encerrar a exposição Queermuseu, alvo de protesto ligado ao Movimento Brasil Livre (MBL) em Porto Alegre.
Conforme programa divulgado anteriormente, a performance só ocorreria uma vez. “As referências à inadequação da situação são fora de contexto”, diz uma nota do museu.
Nota
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.