Pressionado, Pazuello viaja para o Amazonas ‘sem voo de volta a Brasília’

O procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu abertura de inquérito ao STF para investigar a conduta do ministro da Saúde por causa do colapso na saúde em Manaus

  • Por Jovem Pan
  • 24/01/2021 17h41
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EDMAR BARROS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO - 11/01/2021 Homem de camisa branca e máscara azul fazendo sinal de positivo com as mãos e falando em microfone Pazuello foi acusado por alguns partidos políticos de ter tido uma 'conduta omissiva' na condução da pandemia

Após a Procuradoria-Geral da República (PGR) pedir a abertura de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, viajou neste sábado, 23, a Manaus sem data para voltar. O Estado do Amazonas sofre com o aumento de casos da Covid-19 e sobrecarga no sistema de saúde público, que apresentou falta de oxigênio em hospitais. O inquérito deve apurar se houve omissão do governo federal no combate à crise, que resultou em mortes e necessidade de transferência de pacientes. Sob pressão no cargo, Pazuello deve ficar em Manaus “o tempo que for necessário”, segundo informou o ministério. Os adiamentos envolvendo a campanha de imunização e a negociação de insumos para a vacina também pesam para o desgaste da imagem do ministro, nomeado para o cargo por sua experiência em logística.

Pazuello viajou na noite deste sábado para Manaus acompanhando a entrega do primeiro lote de 132,5 mil doses da vacina de Oxford/AstraZeneca contra o novo coronavírus. Ele foi recepcionado pelo o governador Wilson Lima (PSC), que também é alvo de pedido de inquérito da PGR no Supremo para apurar sua conduta. “Pazuello não tem voo de volta a Brasília. Ficará no Amazonas o tempo que for necessário. Vai comandar de perto as ações emergenciais de combate à Covid-19, ao lado da equipe do Ministério da Saúde que já trabalha para apoiar a população do amazonense”, informou a Saúde.

Neste sábado, o procurador-geral da República, Augusto Aras, atendeu a uma representação feita por partidos políticos, que acionaram a PGR sob a alegação de que Pazuello e seus auxiliares têm adotado uma “conduta omissiva”. Aras tem sido pressionado nos últimos dias a cobrar medidas de investigação contra o governo federal. O procurador-geral considerou que houve “possível intempestividade” nas ações do ministro e que pode ter ocorrido demora para agir em relação à crise em Manaus. O próprio governo já admitiu ao STF e em entrevista coletiva de Pazuello que a pasta sabia desde o dia 8 de janeiro que havia escassez de oxigênio para os pacientes em Manaus, uma semana antes do colapso. O Ministério da Saúde só iniciou a entrega de oxigênio em 12 de janeiro, segundo as informações prestadas.

Em nota divulgada neste domingo, 24, o ministério afirmou que “está cumprindo sua determinação de dar prioridade ao Amazonas na imunização, como uma das estratégias para conter o avanço da Covid”. De acordo com a pasta, o Estado recebeu ontem 132,5 mil doses da vacina de Oxford/AstraZeneca e receberá outras 44 mil que chegam neste domingo. O número se soma às 282 mil doses de CoronaVac que já foram destinadas ao Amazonas e distribuídas aos municípios, assim “atingindo o total de 458,5 mil doses enviadas ao Estado”. O ministério reiterou que Pazuello “ficará em Manaus para acompanhar as ações executadas pela equipe do Ministério da Saúde na capital”, como a ampliação na oferta de leitos e contratação de mais profissionais de saúde. “A pasta também está atuando no monitoramento e suporte para suprimento das demandas hospitalares por oxigênio e identificação de leitos disponíveis, regulação e transferência de pacientes para outros Estados.”

*Com Estadão Conteúdo

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