Dólar recua, apesar de tensão com incertezas política e fiscal; Ibovespa volta aos 120 mil pontos

Mercado segue acompanhando os desdobramentos em Brasília para a sanção do Orçamento de 2021 e as consequências políticas da CPI da Covid-19

  • Por Jovem Pan
  • 19/04/2021 17h31
Dado Ruvic/Reuters Cédulas de dólar enroladas em frente um fundo vermelho Inflação ao consumidor vai ao maior nível desde dezembro de 1990

O mercado financeiro brasileiro operou nesta segunda-feira, 19, com os olhos nos desdobramentos em Brasília para a sanção do Orçamento de 2021 pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), nas negociações para a definição dos responsáveis pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 e na posse do general Joaquim Silva e Luna no comando da Petrobras. No cenário externo, as principais Bolsas dos Estados Unidos e da Europa ficaram no vermelho após a sequência de avanços nos últimos dias. O dólar fechou neste início de semana com queda de 0,61%, a R$ 5,551 após bater máxima de R$ 5,622 e mínima de R$ 5,529. A moeda norte-americana fechou a semana passada com queda acumulada de 1,56%, a R$ 5,585. O cenário fez o Ibovespa, referência da Bolsa de Valores brasileira, recuar 0,15%, fechando aos 120.933 pontos após passar a maior parte do dia em alta. O pregão de sexta-feira, 16, encerrou com crescimento de 0,34%, aos 121.113 pontos.

Investidores passaram o dia atentos ao noticiário doméstico com as tratativas do governo federal e do Congresso para a sanção do Orçamento de 2021 aprovado pelos parlamentares no fim de março. O presidente tem até esta quinta-feira, 22, para decidir se aceita ou veta o texto. A peça é alvo de disputa entre membros da equipe econômica e congressistas após o aumento de R$ 26,5 bilhões em emendas parlamentares com a retirada de verbas obrigatórias do governo. A equipe de Paulo Guedes também busca soluções para o financiamento do programa de manutenção de empregos e linhas de crédito sem ultrapassar o teto de gastos. Deputados e senadores debatem nesta segunda-feira a aprovação de um Projeto de Lei que libera crédito extraordinário, fora do teto de gastos, para o financiamento das medidas. Em nota, a equipe econômica afirmou que espera a aprovação do texto para dar seguimento nas iniciativas e que “nos próximos dias” serão liberados até R$ 10 bilhões para o programa de manutenção do emprego e mais R$ 5 bilhões em linhas de crédito.

Os investidores também analisaram o discurso de posse do novo presidente da Petrobras, que afirmou nesta manhã que chegará ao posto “ouvindo mais e falando menos”. Silva e Luna ainda tranquilizou o mercado ao ressaltar o compromisso de manter a política de paridade internacional, responsável pelos recentes reajustes dos preços da gasolina e do diesel aos distribuidores. “É fazer tudo isso conciliando interesses de consumidores e acionistas, valorizando os petroleiros, buscando reduzir volatilidade, sem desrespeitar a paridade internacional, perseguindo a redução da dívida, investindo em pesquisa e desenvolvimento, e contribuindo para a geração de previsibilidade ao planejamento econômico nacional”, afirmou. Ainda na pauta doméstica, o mercado segue acompanhando os reflexos políticos com a instalação da CPI que vai investigar as ações do governo federal no combate à pandemia, além do repasse de verbas da União para Estados e municípios.

Investidores também repercutiram a alta de 1,7% da prévia do Produto Interno Bruto (PIB) em fevereiro, segundo dados do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) divulgados nesta segunda-feira. O valor veio acima do esperado pelo mercado e indica a recuperação da economia no primeiro bimestre, mesmo com a piora da pandemia do novo coronavírus. Apesar da alta, analistas enxergam a piora do índice em março com os impactos da reedição de restrições para o comércio e serviços. Dados do Boletim Focus também divulgados pelo BC nesta manhã mostraram que o mercado está mais pessimista com a recuperação da economia, ao mesmo tempo que prevê alta da inflação e do dólar em 2021. Os números revelam queda na projeção do PIB para alta de 3,04%, ante expectativa de 3,08% na semana passada. Já a previsão para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu de 4,85% para 4,92%, enquanto a nova expectativa para o dólar aponta para R$ 5,40 até o fim do ano. Há uma semana a previsão era de R$ 5,37.

 

 

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