Guedes responde Maia e diz que não se disfarça desentendimento passando culpa para outros
Ministro rebate ironia e volta a acusar presidente da Câmara de barrar agenda de privatizações
O ministro da Economia, Paulo Guedes, respondeu nesta sexta-feira, 11, críticas feitas pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de que a equipe econômica não cumpre suas promessas. “É muito fácil disfarçar desentendimentos políticos passando a conta para quem já fez a sua parte. A nossa parte ta aí. Entregamos isso. [Reforma] administrativa já ta na Câmara, basta aprovar. A PEC do Pacto Federativo já entrou no Congresso, basta aprovar. Então não cobrem da Economia”, disse o ministro à deputados e senadores membros da comissão mista para debater ações de combate à Covid-19. Na quarta-feira, 9, o presidente da Câmara ironizou a equipe econômica ao afirmar que faria um bolo para comemorar um ano da promessa do governo de votar a PEC Emergencial no Senado. “Eu inverto. A PEC Federativa está há um ano no Congresso. Por que ele não aprovou ainda? O bolo de aniversário tem que ser entregue na casa dele, porque faz um ano que está no Congresso, em três versões”, rebateu Guedes.
O relator da PEC Emergencial, senador Marcio Bittar (MDB-AC) afirmou nesta sexta que o texto será apresentado ao Congresso somente em 2021. Em nota divulgada pela assessoria, o parlamentar afirma que o recuo se deu pela “complexidade das medidas” e a “atual conjuntura do país.” Em conversa com deputados e senadores, Guedes voltou a acusar Maia de fazer aliança com partidos da esquerda para barrar a agenda de privatização do governo. “Ele tem um acordo com a esquerda de impedir as privatizações. Só descobri agora, depois de dois anos e perder também meu secretário de privatizações. Como vou privatizar se não entra na pauta? Quem controla pauta é uma aliança de centro-esquerda, e quem ganhou as eleições em 2018 e 2020 foi uma aliança de centro-direita. Há uma disfuncionalidade, mas não sou quem tem que falar sobre isso. Só não posso ficar aceitando”, afirmou. O secretários Especial de Desestatização e Desinvestimento, Salim Mattar, pediu demissão em agosto após uma série de desgastes e falta de avanços na venda de estatais, um dos principais pilares divulgados pelo governo federal para o crescimento econômico.
Guedes também desviou de acusações da falta de agilidade do governo federal em articular a aprovação da reforma tributária. “A pedido da Câmara e do Senado, combinamos que não íamos mandar nossa PEC, para não aumentar a confusão. Tem uma PEC na Câmara e uma no Senado, nós íamos contribuir. Ora, estamos abastecendo há meses, tem uma pessoa que trabalha comigo que foi indicada pelo Rodrigo Maia. Então assuma isso publicamente. Diz, ‘olha, o ministro da Economia tem nos ajudado’, ao invés de dizer que ‘não manda’. Não quero ser pretexto para uma disputa política, eu não me meto na política.”
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