Mercado projeta PIB menor e renova avanços para a inflação e dólar em 2021

Analistas ouvidos pelo Banco Central estimam avanço de 3,98% do IPCA; expectativa para a recuperação da economia cai para 3,26%

  • Por Jovem Pan
  • 08/03/2021 11h23
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Bruno Rocha/Foto Arena/Estadão Conteúdo Analistas consultados pelo Banco Central renovaram as previsões para a recuperação da economia em 2021 Fachada da sede do Banco Central

O mercado financeiro revisou para cima as expectativas para a inflação e dólar em 2021, ao mesmo tempo que reduziu a projeção do Produto Interno Bruto (PIB), segundo números publicados no Boletim Focus nesta segunda-feira, 8. Economistas e entidades consultadas pelo Banco Central estimam que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerre o ano com avanço de 3,98%. Esta é a nona revisão de alta seguida do indicador oficial da inflação brasileira. Há uma semana, a expectativa era de 3,87%, enquanto há um mês chegava a 3,6%. O novo valor se mantém acima do centro da meta de 3,75% perseguida pela autoridade monetária nacional, com margem para flutuar entre 2,25% e 5,25%. A inflação encerrou o ano de 2020 a 4,52% — acima das expectativas do mercado —, puxada principalmente pelo encarecimento dos alimentos. A meta para o Banco Central no ano passado era de 4%, com variação de 2,5% e 5,5%.

O relatório também mostra maior cautela com o crescimento da economia neste ano. As fontes consultadas pelo BC esperam que o PIB avance 3,26%, ante estimativa de 3,29% na semana passada. Há um mês, a previsão era de 3,47%. O PIB de 2020 encerrou com recuo histórico de 4,1%, segundo números divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na semana passada. Este foi o pior desempenho da série histórica atual, iniciada em 1996, em um ano marcado pela pandemia do novo coronavírus e a paralisação da economia global por conta das medidas de isolamento social. Na comparação com a série anterior, com início em 1948 e metodologia diferente, este foi o terceiro maior tombo, atrás apenas dos recuos de 4,3% registrados em 1981 e 1990.

Ao mesmo tempo, os analistas consultados pela autoridade monetária nacional enxergam o dólar a R$ 5,15 até o fim deste ano. Esta foi a terceira semana seguida de revisão na expectativa. Há uma semana, a previsão era de R$ 5,10, enquanto há um mês a projeção indicava o dólar a R$ 5,01. A moeda americana opera em alta nesta segunda-feira, cotada a aproximadamente R$ 5,72. O dólar fechou a semana passada com alta de 0,44%, a R$ 5,683 — a maior cotação desde 3 de novembro, quando encerrou a R$ 5,762. O resultado fez o dólar somar alta de 1,39% na primeira semana de março. No acumulado do ano, a moeda avançou 9,54%. O Boletim Focus mostra o congelamento da Selic em 4% ao ano, mesmo valor da semana passada. Economistas e entidades ouvidas pelo BC estimavam alta para 3,5% há um mês. O Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a Selic a 2% ao ano na primeira reunião de 2021, decisão já esperada pelo mercado financeiro. A novidade foi a retirada do foward guidance, como foi classificada a política de não aumentar juros. Em nota, os técnicos do BC afirmaram que as condições para a manutenção da Selic rebaixada já foram cumpridas. O recado, porém, enfatizou que a derrubada da medida não significa o aumento automático da Selic nos próximos encontros. A próxima reunião do Copom será entre os dias 16 e 17 de março.

 

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