‘Cenário de Guerra’: Explosão em Beirute deixa pelo menos 100 mortos, diz Cruz Vermelha
As autoridades locais admitem, no entanto, que o número de vítimas pode ser ainda maior
Os habitantes de Beirute acordaram nesta quarta-feira (5) em luto e ainda abalados pelo cenário de devastação causado pelas explosões no porto da capital libanesa, que provocaram pelo menos 100 mortes e feriram milhares de pessoas. As autoridades continuam no local, descrito como “um cenário de guerra”, e admitem que o número de vítimas pode ser maior. Na manhã desta quarta-feira, 05, horas depois da explosão, cuja potência se equiparou a um terramoto de magnitude 3.3, a fumaça ainda saía do porto da cidade. As principais ruas da parte baixa da capital acumulam destroços e veículos danificados, assim como fachadas de edifícios destruídas pelo impacto.
“É como um cenário de guerra. Estou sem palavras”, lamentou o presidente da Câmara de Beirute, Jamal Itani, à agência Reuters, depois de ter inspecionado os estragos causados pelo desastre. “Esta é uma catástrofe para Beirute e para o Líbano”. Segundo a Cruz Vermelha libanesa, pelos menos 100 pessoas morreram em consequência das explosões e mais de 4 mil ficaram feridas. O presidente da instituição alertou que esses números podem subir. “Ainda estamos verificando a área. Podem existir mais vítimas. Espero que não”, afirmou à imprensa George Kettani.
A Cruz Vermelha, que atua em coordenação com o Ministério libanês da Saúde, afirmou que o grande número de feridos levou a uma superlotação dos hospitais de Beirute. O presidente do Líbano anunciou que o governo vai disponibilizar o equivalente a US$ 66 milhões em fundos de emergência em decorrência da explosão. Até o momento, várias pessoas continuam desaparecidas. Ao longo da última noite, os locutores de rádio do país leram os nomes das pessoas que desapareceram e, na rede social Instagram, foi criada a página “Localizar vítimas de Beirute” para partilhar as fotografias dessas possíveis vítimas do desastre.
Explosão
A enorme explosão aconteceu pouco depois das 18h, horário local, na terça-feira e abalou a capital libanesa. As causas ainda não foram confirmadas, mas o presidente Michel Aoun informou que durante os últimos seis anos estiveram armazenadas, sem condições de segurança, em um armazém do porto, 2.750 toneladas de nitrato de amônia, produto químico utilizado em fertilizantes e bombas. “É inadmissível que um carregamento de nitrato de amônia, estimado em 2.750 toneladas, estivesse há seis anos num armazém, sem medidas de precaução. É inaceitável e não podemos calar-nos sobre essa questão”, disse o primeiro-ministro do Líbano, Hassan Diab, acrescentando que “os responsáveis vão pagar o preço”. Em breve discurso transmitido pela televisão, o chefe de governo libanês afirmou que o país vive “verdadeira catástrofe” e pediu a ajuda de todos os países e amigos do Líbano.
Crise econômica
A explosão em Beirute, sentida a 240 quilômetros de distância, ocorreu em um período em que o Líbano vive crescente crise econômica e divisões internas, enquanto lida com os danos provocados pela pandemia da Covid-19. Os últimos tempos têm sido marcados por manifestações nas ruas do país contra o modo o governo. Muitos culpam os políticos libaneses por se focarem nas próprias fortunas, enquanto falham na realização das necessárias reformas para a resolução dos problemas do país. O Líbano, que tem uma dívida pública de US$ 90 bilhões, importa a maioria da sua comida, e o porto de Beirute, fundamental no armazenamento dessas importações, está agora destruído.
*Com informações da Agência Brasil
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.