Fundador do Telegram é apresentado à Justiça na França nesta quarta

Investigação foi aberta no dia 8 de julho por cumplicidade em crimes organizados na plataforma, como tráfico de drogas, pornografia infantil, fraude e lavagem de dinheiro em gangue organizada

  • Por Jovem Pan
  • 28/08/2024 14h42
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Steve JENNINGS / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP Pavel Durov O bilionário de 39 anos foi detido no sábado no aeroporto Le Bourget, ao norte de Paris

A Justiça francesa deve decidir, nesta quarta-feira (28), se acusa e decreta eventualmente a prisão preventiva do fundador do Telegram, o franco-russo Pavel Durov, que está à disposição judicial, após a sua detenção neste sábado, que gerou críticas em todo o mundo. Durov foi transferido para o Palácio da Justiça, em Paris, ao início da tarde, depois de vários dias sob custódia policial, disse à AFP uma fonte próxima ao caso. O bilionário de 39 anos, detido no sábado no aeroporto Le Bourget, ao norte de Paris, é acusado de não ter agido contra a disseminação de conteúdos criminosos em seu serviço de mensagens criptografadas. A empresa, que tem 900 milhões de usuários, garantiu que “cumpre as leis da União Europeia” e que “é um absurdo afirmar que uma plataforma ou o seu proprietário são responsáveis pelos abusos”. O Telegram posicionou-se como uma alternativa às plataformas de mensagens americanas, criticadas pela exploração comercial dos dados pessoais dos usuários. As mensagens criptografadas do Telegram desempenham um papel fundamental no contexto da ofensiva russa na Ucrânia, que começou em fevereiro de 2022, e são ativamente usadas por políticos e observadores de ambos os lados.

Mas seus críticos acusam o Telegram de hospedar conteúdo muitas vezes ilegal, desde imagens sexuais extremas até desinformação, incluindo serviços de compra de drogas. A Justiça francesa abriu uma investigação no dia 8 de julho por cumplicidade em crimes organizados na plataforma, como tráfico de drogas, pornografia infantil, fraude e lavagem de dinheiro em gangue organizada, entre outros. Seu guarda-costas e seu assistente, que também foram detidos na noite de sábado ao chegarem à França com Durov, foram libertos após serem interrogados, segundo uma fonte próxima ao caso. Agora, a Justiça deve decidir se o liberta sem acusações, como seus funcionários, se o indicia ou se decreta sua prisão preventiva ou medidas de controle judicial. Enquanto se aguarda a decisão, a França decidiu nesta quarta-feira abrir outra investigação por “violência grave” contra um dos seus filhos nascido em 2017, quando frequentava a escola em Paris, indicou uma fonte próxima do caso.

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Apoios de Musk e Snowden

Durov, que se estabeleceu em Dubai nos últimos anos e também tem passaporte francês, chegou a Paris vindo de Baku e planejava jantar na capital francesa, segundo fontes próximas ao caso. O presidente russo, Vladimir Putin, também esteve na capital do Azerbaijão nos dias 18 e 19 de agosto, mas o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, negou que os dois tenham se encontrado. Na terça-feira, Moscou declarou que as acusações são “muito graves” e alertou a França para não tentar “intimidar” Durov, embora o presidente francês, Emmanuel Macron, tenha negado que a sua detenção fosse “política”. Durov, cuja fortuna a revista Forbes estima em 15,5 bilhões de dólares (85,1 bilhões de reais na cotação atual), também recebeu o apoio do chefe da rede social X, Elon Musk, e do denunciante americano residente na Rússia, Edward Snowden.

Segundo o Telegram, seu fundador também tem nacionalidade dos Emirados Árabes Unidos, onde a empresa está sediada. Este país solicitou à França acesso consular a Durov. Esta figura enigmática, que raramente fala em público, deixou a Rússia há 10 anos e promove com orgulho o seu estilo de vida, que inclui banhos de gelo e abstinência de álcool e café. Nos últimos dias, surgiram inúmeras questões sobre o momento e as circunstâncias da sua detenção, em particular a razão pela qual ele voou para Paris, já que havia um mandado de detenção pendente contra ele.

Publicado por Luisa Cardoso
*Com informações da AFP

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