Líder do Hamas é assassinado em Teerã e grupo culpa Israel

De acordo com a Guarda Revolucionária do Irã, ataque contra a residência matou Ismail Haniyeh e um de seus seguranças

  • Por Jovem Pan
  • 31/07/2024 06h36
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EFE/EPA/ALI ALI Ismail Haniyeh O Exército israelense não comentou as notícias sobre a morte do líder do Hamas

O líder do Hamas, Ismail Haniyeh, morreu em Teerã, anunciaram nesta quarta-feira (31) a Guarda Revolucionária do Irã e o movimento islamista palestino, que atribuiu o ataque a Israel. O Hamas trava desde outubro de 2023 uma guerra contra Israel na Faixa de Gaza, um território que governa desde 2007, desencadeada pelo ataque sem precedentes de seus combatentes contra o sul do território israelense. “O irmão, o líder, o mujahedin Ismail Haniyeh, líder do movimento, morreu em um ataque sionista contra sua residência em Teerã após comparecer à cerimônia de posse do novo presidente iraniano”, afirmou o movimento palestino em um comunicado. No exílio entre a Turquia e o Catar, o líder do grupo islamista, 61 anos, viajou para Teerã para assistir na terça-feira à cerimônia de posse do novo presidente do Irã, Masud Pezeshkian.

“A República Islâmica do Irã defenderá sua integridade territorial, sua honra, seu orgulho e sua dignidade, e fará com que os terroristas invasores lamentem sua ação covarde”, escreveu Pezeshkian na rede social “X” (antigo Twitter), em uma mensagem na qual chamou Haniyeh de “líder corajoso”. A Guarda Revolucionária do Irã afirmou em um comunicado que o ataque contra a residência matou Haniyeh e um de seus seguranças. A origem do ataque ainda não foi determinada, mas estava sendo investigada, acrescentou a força de segurança em um comunicado. Segundo a agência de notícias Fars, Hanueyh foi “assassinado por um projétil aéreo”. O Exército israelense não comentou as notícias sobre a morte do líder do Hamas.

“Grave escalada”

Muitos países, incluindo Turquia, China, Rússia e Catar (que atua como mediador nas negociações para um cessar-fogo em Gaza), condenaram o assassinato e alertaram para o risco de agravamento e propagação do conflito. O assassinato “pode mergulhar a região no caos e minar as possibilidades de paz”, adverte um comunicado do Ministério das Relações Exteriores do Catar, que abriga a liderança política do grupo palestino. “Este ataque também pretende ampliar guerra em Gaza a uma dimensão regional”, afirmou a diplomacia turca em um comunicado, que condena o “assassinato desprezível”. Um membro do gabinete político do Hamas, Musa Abu Marzuk, declarou que o “assassinato do líder Ismail Haniyeh é um ato de covardia e não ficará impune”. O presidente da Autoridade Palestina e em muitos momentos rival do Hamas, Mahmud Abbas, pediu aos palestinos que permaneçam “unidos, mantenham paciência e sigam firmes contra a ocupação israelense”. Considerado um pragmático dentro do Hamas, Haniyeh mantinha boas relações com as diversas facções palestinas, até mesmo com seus rivais.

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Após o anúncio de sua morte, as várias facções palestinas convocaram uma greve genal e protestos “contra o assassinato do grande líder nacional Ismail Haniyeh, que é parte do terrorismo de Estado sionista e sua guerra de extermínio”. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, prometeu aniquilar o Hamas e resgatar todos os reféns sequestrados no ataque de 7 de outubro que provocou a atual guerra em Gaza. O ataque dos milicianos islamistas matou 1.197 pessoas, a maioria civis, no sul de Israel, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelenses. O Hamas também sequestrou 251 pessoas. O Exército acredita que 111 permanecem em cativeiro em Gaza, incluindo 39 que teriam sido mortas. A campanha militar de represália de Israel em Gaza matou pelo menos 39.400 pessoas, segundo o Ministério da Saúde do governo do Hamas.

Desde o início do Hamas

Filho de uma família que fugiu para Gaza quando o Estado de Israel foi criado, Haniyeh entrou para o Hamas no momento de sua fundação em 1987, coincidindo com a primeira Intifada. Ele assumiu a liderança política do grupo em 2017, mas já havia sido primeiro-ministro palestino após a vitória do movimento islamista nas eleições parlamentares de 2006. Desde a Revolução Islâmica de 1979, o Irã tornou o apoio à causa palestina em um núcleo fundamental de sua política externa. As autoridades iranianas celebraram o ataque de 7 de outubro do Hamas contra Israel, mas negaram qualquer envolvimento do país. O movimento palestino faz parte do “eixo da resistência”, um conjunto de grupos alinhados com Teerã, como o Hezbollah libanês ou os rebeldes huthis do Iêmen.

As hostilidades entre os movimentos pró-Irã e Israel aumentaram desde o início da guerra em Gaza, com disparos constantes na fronteira entre o norte de Israel e o Líbano ou ataques dos huthis contra cidades israelenses. Na terça-feira, o Exército israelense atacou um reduto do Hezbollah no sul de Beirute e matou um comandante do grupo, ao qual atribuiu um ataque no fim de semana contra as Colinas de Gola ocupadas por Israel. O Hezbollah confirmou nesta quarta-feira que seu comandante militar, Fuad Shukr, estava no edifício atacado por Israel, mas não mencionou sua morte.

Publicado por Luisa Cardoso

*Com informações da AFP

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