Quanto custa morar em Nova York? Saiba o preço do aluguel
Valores podem ultrapassar R$ 15 mil por mês; somente no segundo trimestre de 2022, locação subiu 20,4%, de acordo com o portal imobiliário StreetEasy.com
Morar em Nova York ficou ainda mais caro. De acordo com um levantamento feito pela empresa de mobilidade global ECA International, em 2022, a cidade ocupa a segunda posição como uma das mais caras para viver, e só no segundo trimestre deste ano, os aluguéis subiram 20,4%, conforme o portal imobiliário StreetEasy.com. Mas, apesar dos altos preços, as filas de candidatos são muito maiores do que há alguns meses, isso porque, os contratos assinados em 2020 e 2021 – que ofereciam generosas reduções de preço – estão sendo revisados para cima, expulsando um terço dos inquilinos (34%) que não podem pagar os aumentos, de acordo com StreetEasy. Um painel nomeado pelo prefeito de Nova York, Eric Adams, autorizou em junho um aumento de 3,25% para contratos de um ano e de 5% para dois anos para um milhão de apartamentos com aluguel controlado, muitas vezes ocupados por famílias com menos recursos. O maior aumento em quase uma década.
Em decorrência dessas mudanças, a espanhola Paula Sevilla e duas colegas enfrentaram um verdadeiro pesadelo para encontrar um novo lar. Isso porque, em meados de maio, a proprietária da casa alugada no Brooklyn anunciou que elas teriam que partir em 30 de junho. Depois de dois meses de busca, 30 visitas e muito estresse, encontraram um apartamento por US$ 3.000 (R$ 15.390 na cotação atual), com dois quartos, só para duas delas. Elas tinam a opção de permanecerem na antiga casa, porém, precisariam pagar US$ 4.800 por mês (R$ 24.624, na cotação atual). Não é só com as questões dos preços que os inquilinos precisam se preocupar, também precisam contar com a sorte, pois não basta chegar primeiro ou mesmo oferecer mais dinheiro do que os donos pedem para conseguir um contrato de aluguel. As exigências são draconianas: ganhar um salário anual 40 vezes acima do aluguel mensal, ter um histórico de crédito sem máculas, apresentar as duas últimas declarações fiscais e extratos bancários.
Outro fator que explica esse cenário é o fato de que grande parte das 336 mil pessoas que deixaram a cidade durante a pandemia de Covid-19, estão de volta. Isso, associado a chegada de novos habitantes atraídos pela vida cultural, gastronômica e social de Nova York, bem como a qualidade das escolas ou empresas de tecnologia que oferecem bons salários, também contribuem para inflar um mercado caracterizado pela escassez crônica de habitação, explica Gea Elika, proprietária da agência Elika Real Estate. “Muitos clientes e poucos apartamentos”, resume o agente imobiliário Miguel Urbina. Em Manhattan as famílias gastam 55% de sua renda em moradia, 60% no Brooklyn e 43% no Queens, de acordo com um relatório da StreetEasy, cujo autor, Kenny Lee, observa que o aluguel “está se tornando um fardo financeiro” para as famílias. O aluguel médio de um apartamento de um quarto em Manhattan é de US$ 5 mil (R$25.650), lembra Elika. Os preços altos fazem com que famílias de classe média ou jovens formados como Paula Sevilla procurem moradia em bairros antes ocupados por imigrantes latinos ou afro-americanos, em um processo de gentrificação incontrolável. “Ninguém previu o que está acontecendo”, diz Elika, que reconhece que “sempre houve falta de moradia, mas agora o problema foi ampliado”. O aumento das taxas de juros para combater a inflação crescente ameaça agravar a crise, já que os possíveis compradores estão optando pelo aluguel, em um mercado que já é “difícil devido à oferta historicamente baixa”, alerta Kenny Lee.
*Com informações da AFP
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