PF indicia Sérgio Cabral na Lava Jato por quadrilha, corrupção e lavagem

  • Por Estadão Conteúdo com Jovem Pan
  • 14/12/2016 12h55
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BRA01. RÍO DE JANEIRO (BRASIL), 18/11/2016.- Fotografía cedida por la Secretaría de Administración Penitenciaria (SEAP) hoy, 18 de noviembre de 2016, del exgobernador de Río de Janeiro Sergio Cabral, quien fue detenido el jueves, acusado de corrupción por el cobro de comisiones ilegales que, al menos, alcanzan los 66 millones de dólares. Anthony Garotinho y Sergio Cabral, dos de los gobernadores que ha tenido Río de Janeiro en los últimos quince años, amanecieron hoy tras las rejas, tras ser detenidos esta semana por diferentes asuntos de corrupción. EFE/Secretaría de Administración Penitenciaria (SEAP)/SOLO USO EDITORIAL/NO VENTAS/NO ARCHIVO/MÁXIMA CALIDAD DISPONIBLE Secretaria de Administração Penitenciária Ex-governador Sérgio Cabral é fichado na Penitenciária de Bangu

A Polícia Federal indiciou o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB) na Operação Lava Jato. A PF imputa ao peemedebista, preso em Curitiba, os crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

Segundo a Procuradoria da República, no Paraná, o ex-governador teria recebido pelo menos R$ 2,7 milhões em propinas da empreiteira Andrade Gutierrez, entre 2007 e 2011, referente as obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), da Petrobras. O peemedebista, de acordo com os investigadores, pediu 1% de contrato da Andrade Gutierrez para obra de terraplenagem.

Também foram indiciados o ex-secretário de Governo Wilson Carlos, e Carlos Miranda, apontado como um dos operadores do esquema de propinas supostamente liderado por Cabral em seus dois mandatos (2007 – 2014), pelos mesmos crimes atribuídos ao peemedebista.

A PF afirma, no despacho de indiciamento, que o pagamento foi operacionalizado pelo executivo Alberto Quintaes, da Andrade Gutierrez, com a participação de Carlos Miranda, “operador de Sérgio Cabral”.

Delatores da Lava Jato indicaram Wilson Carlos como “operador administrativo do ex-governador, sendo responsável pela organização da forma de pagamento e da cobrança das propinas ajustadas pelas empreiteiras com Sérgio Cabral”.

Cabral e Wilson Carlos estão presos em Curitiba. Carlos Miranda está em custódia no Complexo de Bangu, no Rio. O ex-governador também foi indiciado e denunciado na Operação Calicute, desdobramento da Lava Jato, no Rio, que aponta mesada das empreiteiras Andrade Gutierrez e Carioca Engenharia. Segundo a investigação, o peemedebista recebia R$ 850 mil por mês.

No Rio, Cabral é investigado por corrupção na contratação de diversas obras conduzidas em seu governo, entre elas, a reforma do Maracanã para receber a Copa do Mundo de futebol de 2014, o PAC Favelas e o Arco Metropolitano, financiadas ou custeadas com recursos federais.

TRF

Estava programado para esta quarta (14) ainda o julgamento pelo Tribunal Regional Federal (TRF) do Rio do pedido de habeas corpus do casal Sérgio Cabral e sua esposa, Adriana Ancelmo, também presa preventivamento no esquema de corrupção apurado. Veja mais detalhes na reportagem de Rodrigo Viga na manhã desta quarta:

Relembre

Compras de luxo suspeitas realizadas com dinheiro em espécie e o pagamento, também em espécie, de parcelas de R$ 9 mil foram constatados em 17 de novembro, data da prisão de Cabral, pelo Ministério Público como forma de ocultar dinheiro fruto de propina exigida pelo governo do Rio de Janeiro.

“O Ministério Público apurou atos de lavagem de dinheiro com pagamentos em espécie de bens de alto valor e também com depósitos em contas bancárias em espécie, divididos em valores de até R$ 10 mil para evitar a fiscalização financeira”, explicou à época o procurador Athayde Ribeiro Costa, que atua na força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, mas esteve no Rio de Janeiro nesta quinta (17) para explicar a relação da Operação Calicute com a Lava Jato. Em 2007, foram identificados depósitos fracionados de R$ 9 mil nas contas de Sérgio Cabral e Carlos Emanuel Miranda, ex-sócio e homem de confiança do então governador.

“Várias compras foram efetuadas em dinheiro em espécie, como por exemplo: móveis para escritórios, mini buggys, eletrodomésticos, seis vestidos de festa para a então primeira-dama (Adriana Ancelmo, também levada para depor), equipamentos agricolas para o sr. Carlos Miranda, máquinas para fazendas, blindagem de veículos e parcelas de financiamentos de veículos”, relata em seguida o procurador.

Athayde focou na investigação relacionada com o contrato de terraplanagem do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro).

Segundo o investigador, nesta obra específica do Comperj, “Cabral fez solicitação de vantagens indevidas a executivos da Andrade Gutierrez”. Teria sido combinado o valor de R$ 2,7 milhões de propina em reunião dentro do Palácio do Guanabara, sede do governo estadual, 1% do valor de participação naquele contrato. O valor teria sido pago em espécie e Alberto Quintaes (ex-diretor comercial da Andrade Gutierrez) e Carlos Miranda “viajaram a São Paulo (à sede da empresa na capital paulista) para obter valores em espécie destinados a Sérgio Cabral”, segundo o procurador.

“É possível que outras empresas do Comperj tenham recebido solicitação de propina”, não descarta Athayde Ribeiro.

Junto a Quintaes foi encontrada uma tabela que discriminava a propina estimada, de R$ 13 milhões, e a propina efetivamente paga aos agentes púlicos, de R$ 7,7 milhões, com R$ 2,7 milhões relacionados ao Comperj.

Outras obras e propinas

Além das obras no Comperj, são apurados pagamentos de propinas na reforma do Maracanã, na construção do Arco Metropolitano e o chamado “PAC das Favelas”. A soma de propina solicitada é estimada em R$ 224 milhões, segundo o procurador federal do Rio Lauro Coelho Junior.

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