Atraso na divulgação dos votos foi causado por falta de testes no sistema devido à pandemia, diz Barroso

Presidente do TSE afirmou que há a suspeita de participação de grupos extremistas pró-ditadura no ataque hacker sofrido pela plataforma

  • Por Jovem Pan
  • 16/11/2020 20h05 - Atualizado em 16/11/2020 21h58
Carlos Moura/SCO/STF Apesar dos percalços, presidente do TSE classificou eleições como 'sucesso'

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, afirmou nesta segunda-feira, 16, que a demora para a divulgação dos resultados das eleições municipais realizadas neste domingo, 15, foi causada por uma falha no sistema de inteligência artificial contratado para totalizar os votos. Segundo o ministro, o atraso da entrega dos equipamentos pela empresa Oracle impossibilitou a realização de testes com o sistema, que travou diante do alto volume de informações em um curto espaço de tempo. Os equipamentos foram adquiridos em março, porém, com as limitações logísticas impostas pelo novo coronavírus, foram entregues apenas em agosto. “Em razão das limitações dos testes rápidos, no dia da eleição a inteligência artificial demorou para realizar o aprendizado para processar os dados no volume e velocidade que chegavam, daí a sua lentidão e travamento que exigiram que a totalização fosse interrompida e reiniciada”, afirmou Barroso. Para o segundo turno que será realizado em 57 municípios no próximo dia 29, o ministro afirmou que o TSE já convocou a Oracle para equacionar o sistema e prevenir a repetição do erro.

Apesar das interrupções na divulgação dos dados, o ministro reiterou que em nenhum momento o sistema de contagem de votos esteve em risco. Barroso voltou a afirmar que milícias digitais tentaram invadir o sistema do TSE, mas que todos os ataques foram repelidos com sucesso. Ao mesmo tempo que hackers tentavam invadir o sistema, grupos de internautas buscaram desacreditar a lisura do processo. De acordo com Barroso, há suspeita de participação de grupos extremistas pró-ditadura, inclusive alguns sob investigação do Supremo Tribunal Federal (STF). “Nós sofremos um ataque massivo, e hoje já sabemos, vindo dos Estados Unidos, Brasil e Nova Zelândia, tentando derrubar o sistema do TSE”, afirmou o ministro. De acordo a secretaria de tecnologia da informação do Tribunal, foram feitas mais de 436 mil conexões por segundo de tentativas de acesso simultâneo. A Polícia Federal já foi acionada para investigar o episódio.

Barroso evitou comentar a fala que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez na manhã desta segunda-feira sobre a confiabilidade das urnas eletrônicas e os percalços para a divulgação dos resultados. “Não costumo reclamar da demora nos outros poderes, então não vou opinar sobre essa questão específica”, afirmou aos jornalistas. Em conversa com apoiadores nesta manhã, o presidente engrossou o coro de candidatos e militantes que suspeitam de fraudes no voto eletrônico. “Nós temos que ter um sistema de apuração que não deixe dúvidas. É só isso. Tem que ser confiável e rápido, não deixar margem para suposições”, afirmou ele, ao defender novamente o voto impresso. Segundo Barroso, nunca houve provas de fraudes em urnas eletrônicas, e “não se mexe em time que está ganhando”. “Agora, se alguém trouxer um documento, uma prova, uma evidência qualquer que ocorreu alguma coisa errada, nós imediatamente vamos investigar. Nunca aconteceu, o dia que acontecer, vamos investigar.”

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