PF responde à CPI da Covid-19 sobre investigação da Covaxin

Senadores questionaram o fato de a corporação ouvir testemunhas às vésperas da ida dessas pessoas à comissão; em nota, órgão diz que ‘oitiva de pessoas que possam contribuir para a elucidação dos fatos não está atrelada a investigações em andamento’

  • Por André Siqueira
  • 13/07/2021 17h27 - Atualizado em 13/07/2021 18h32
Edilson Rodrigues/Agência Senado Senadores analisam documento Emanuela Medrades, que depõe nesta terça-feira, foi ouvida pela PF na segunda-feira, 12

A Polícia Federal (PF) rebateu, nesta terça-feira, 13, as declarações dos integrantes da CPI da Covid-19 que questionaram a atuação da corporação no âmbito do inquérito que apura se houve crimes na compra da vacina Covaxin. No início da sessão de hoje, destinada ao depoimento de Emanuela Medrades, diretora técnica da Precisa Medicamentos, o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), reclamou do fato de a PF ouvir testemunhas às vésperas da ida dessas pessoas ao Senado. “A depoente de hoje foi ontem [segunda] ouvida pela PF. Inexplicavelmente, o seu Maximiano se torna investigado um dia antes de vir depor e, inexplicavelmente, a nossa depoente de hoje é ouvida um dia antes de vir depor”, disse Aziz. “Não quero fazer qualquer tipo de pensamento de que há um movimento. Longe de mim falar isso da PF, mas é estranho para mim, como para muitos outros aqui. Como jabuti não sobe em árvore, nós não podemos entender como são feitas essas coisas”, acrescentou. A manifestação foi endossada pelo relator, Renan Calheiros (MDB-AL). “Nós estamos investigando a Precisa, especificamente o Maximiano. É ele o investigado, e não foi considerado investigado em função de decisão dessa CPI. Ele começou a ser investigado 4 meses depois dos fatos, pela PF, e essa decisão obrigou o STF a conceder o habeas corpus, dando direito a que ele calasse como investigado”, afirmou o emedebista.

A Polícia Federal afirma que “possui métodos e estratégias próprios de investigação, devidamente supervisionados pelo Poder Judiciário e reconhecidos nacional e internacionalmente”, acrescentando que “a produção de provas, sobretudo a oitiva de pessoas que possam contribuir para a elucidação dos fatos, não está atrelada a investigações em andamento sobre o caso”. “Sobre a investigação que apura a possível ocorrência de crimes referentes ao processo de compra da vacina Covaxin pelo Ministério da Saúde, a Polícia Federal esclarece: 1. A investigação atende às disposições constitucionais e legais, o que inclui o prazo regular para a sua conclusão; 2. A produção de provas, sobretudo a oitiva de pessoas que possam contribuir para a elucidação dos fatos, não está atrelada a outras investigações em andamento sobre o caso; 3. A PF possui métodos e estratégias próprios de investigação, devidamente supervisionados pelo Poder Judiciário e reconhecidos nacional e internacionalmente; 4. Instituição de Estado, a Polícia Federal trabalha de forma isenta e imparcial, em busca da verdade real dos fatos, sem perseguições ou proteções de qualquer natureza”, diz a íntegra da nota.

Como a Jovem Pan mostrou, já havia, na CPI da Covid-19, um desconforto em relação à atuação da Polícia Federal. Segundo relatos feitos à reportagem, os parlamentares viram no movimento uma manobra do governo Bolsonaro para atrapalhar os trabalhos da comissão. O inquérito que apura se houve crimes na compra da Covaxin foi aberto no dia 30 de junho, véspera do depoimento de Francisco Maximiano, conhecido como Max. No mesmo dia, a ministra Rosa Weber concedeu ao dono da Precisa Medicamentos o direito de permanecer em silêncio. Em razão disso, o senador Omar Aziz adiou a oitiva do empresário. No início da tarde desta terça-feira, 13, os membros do colegiado decidiram antecipar a ida do dono da Precisa Medicamentos ao Senado para esta quarta-feira, 14. Porém, a inquirição só deve ocorrer se o depoimento de Emanuela Medrades for concluída – no período da manhã, ela se recusou a responder, inclusive, sobre o seu vínculo com a empresa e a sessão foi suspensa. A CPI apresentou embargo de declaração ao STF para esclarecer quais os limites do habeas corpus concedido pelo ministro Luiz Fux. Na decisão da segunda-feira, 12, o magistrado permitiu que ela não produzisse provas contra si mesma, mas determinou que ela respondesse sobre terceiros.

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