Impunidade: a cada 400 Crimes ambientais só um termina em prisão no Brasil

Com processos lentos e fiscalização insuficiente, desmatamento e garimpo ilegal avançam; especialistas apontam soluções para um combate mais eficaz

  • Por Patrícia Costa
  • 08/11/2024 12h08
  • BlueSky
Fotos Públicas O número de focos de incêndios florestais bateram recorde em 2024

A cada 400 crimes ambientais cometidos no Brasil, apenas um termina em prisão, os dados são do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do governo. Os crimes vão desde desmatamentos e queimadas até garimpo ilegal e poluição de rios. Com uma taxa de impunidade tão alta, fica difícil imaginar que o país esteja realmente comprometido em combater a destruição dos nossos biomas. Não faltam leis ambientais no Brasil; o que falta é uma estrutura eficiente para garantir que esses crimes sejam investigados e punidos. Na prática, os processos são lentos e complicados, e muitas vezes acabam em nada. Quando um crime ambiental passa impune, ele não afeta apenas a natureza. A destruição de florestas, rios e biodiversidade tem um efeito direto na vida de todos nós. Com o aumento do desmatamento e das queimadas, por exemplo, as mudanças climáticas se intensificam, trazendo secas mais severas e enchentes mais frequentes. E tudo isso reflete na economia, na saúde pública e na nossa segurança alimentar. Não é só o “verde” que some, é a nossa qualidade de vida que vai junto.

cta_logo_jp
Siga o canal da Jovem Pan News e receba as principais notícias no seu WhatsApp!

O Greenpeace, junto com outras ONGs ambientais, vem denunciando essa impunidade. A organização destaca que enquanto o desmatamento aumenta, a fiscalização e a punição não acompanham o ritmo. E o problema não é apenas de falta de estrutura; há também questões políticas envolvidas. Muitas vezes, interesses econômicos locais acabam interferindo no combate ao crime ambiental. Isso significa que áreas protegidas são invadidas, reservas indígenas sofrem com o garimpo e a exploração madeireira e, ao final, poucos são responsabilizados. O Ministério Público Federal também faz um alerta importante. Em várias ocasiões, o órgão aponta que a falta de investimento em fiscalização, especialmente no Norte e Centro-Oeste, impede ações preventivas e repressivas mais fortes. Com menos agentes em campo e recursos limitados, fica complicado monitorar áreas extensas como a Amazônia e o Pantanal.

A solução não é simples, mas existe. Especialistas defendem que é preciso investir mais em tecnologia para o monitoramento de áreas protegidas, como o uso de satélites e drones. Além disso, aumentar a presença de forças de fiscalização, com mais recursos e agentes treinados, pode fazer a diferença. E não podemos esquecer do papel da justiça. O fortalecimento de leis ambientais que realmente penalizem esses crimes, com processos mais rápidos e punições que inibam novas ações, é essencial para virar esse jogo. Em um momento em que o mundo cobra responsabilidade ambiental, o Brasil precisa mostrar que consegue proteger suas riquezas naturais e que tem um sistema de justiça eficaz para punir quem destrói. A cada crime ambiental impune, o recado é dado: vale mais a pena arriscar e lucrar, já que as chances de punição são mínimas.

  • BlueSky

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.