Exclusivo: Diretor médico da CBF detalha protocolo de retorno do público aos estádios
Jorge Pagura afirmou que o ocorrido na partida entre Atlético-MG e River Plate, na última quarta-feira, 18, no Mineirão, pela Libertadores da América, serve de exemplo do que não ser feito
Jorge Pagura, diretor médico da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), concedeu entrevista exclusiva ao programa “Esporte em Discussão”, do Grupo Jovem Pan, na tarde desta sexta-feira, 20, e deu alguns detalhes sobre o protocolo do retorno de público aos estádios. De acordo com o especialista, a entidade está formulando um regulamento rígido para evitar que as partidas provoquem uma explosão de casos de Covid-19. “O protocolo foi muito bem elaborado, pensado e precisa ter o cuidado na execução. A gente está trabalhando há algum tempo, estamos ouvindo as autoridades sanitárias locais. Estamos fazendo a nossa parte. Nosso protocolo tem algumas diferenças, com quatro matrizes”, introduziu Pagura.
“A primeira matriz, a de segurança, analisa através de uma fórmula matemática, usando seis parâmetros, que sai com quatro faixas, de baixa normalidade, média, alta e a ideal para a volta da torcida. Cada uma oferece uma taxa de percentual de público para ir às arquibancadas. Isso a gente leva para as autoridades. A segunda é a matriz de saúde, que são todos dados: ou entra com vacinação plena, ou com PCR ou com antígeno. Depois, entra a matriz da tecnologia da informação, que estamos vendo a possibilidade de transferir aos clubes. A quarta é a de auditoria, que vamos auditar o sistema e ‘in loco’ para ver se tudo está sendo cumprido”, explicou o médico.
Jorge Pagura também afirmou que o ocorrido na partida entre Atlético-MG e River Plate, na última quarta-feira, 18, no Mineirão, pela Libertadores da América, serve de exemplo do que não ser feito. Na ocasião, os mais de 17 mil atleticanos aglomeraram nas arquibancadas e geraram revolta até do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil. Segundo o médico, a CBF fará eventos-teste e terá uma série de normas, como ingressos numerados, por exemplo. “Não podemos fazer o que as pessoas querem. O retorno do público é econômico, mas tem que ser feito com rigidez e controle. Normalmente, as uniformizadas pedem até para tirar as cadeiras. Isso não vai dar para fazer. Os eventos-teste serão bons para isso, para corrigir eventuais erros”, afirmou o especialista, que não viu o incidente em BH como isolado ou restrito ao futebol. “Tem muita gente que toma a primeira dose da vacina e vai para o bar. Não é assim! No futebol, a gente tem que fazer as campanhas e mostrar as coisas boas. Estamos estudando tudo, como é que compra o ingresso, onde faz o teste, entre outras coisas envolvidas. A gente precisa que o povo tenha responsabilidade, além de fiscalização”, completou.
A CBF estava planejando realizar os eventos-teste nas quartas de final da Copa do Brasil, programadas para acontecer entre o fim de agosto e a metade de setembro. Jorge Pagura, porém, não assegurou se os torcedores poderão, de fato, retornar aos estádios nesses jogos. O médico, por outro lado, garantiu que a prioridade é entrar em contato com as autoridades locais e ter igualdade de condições. “Vamos ouvir os clubes e federações. A CBF não impõe nada, e nem deve ser assim. Todos nós vamos conversar, seja a comissão médica, o departamento de comissões, o jurídico, o financeiro… O nosso protocolo é o seguinte: por exemplo, dá para fazer Atlético-MG x Fluminense com liberação do Rio e em Minas? Então está liberado. Se não tiver liberado em um Estado, a gente não faz no outro também. A CBF não vai trabalhar como a Conmebol, onde teve jogo de ida com público e de volta sem. Isso eu lhe garanto que não vai haver”, assegurou.
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