Atendimento a crianças no SUS não atinge nível mínimo de qualidade, aponta IBGE
Score geral da atenção primária ficou em 5,7, abaixo do padrão mínimo de qualidade de 6,6
As famílias que dependem do Sistema Único de Saúde no Brasil não estão satisfeitas com o atendimento dado à saúde infantil na atenção primária. É o que aponta uma pesquisa inédita Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com o Ministério da Saúde divulgada nesta semana. Um questionário foi aplicado para pais e responsáveis de crianças menores de 13 anos que usam o sistema público de saúde. O levantamento tem dois recortes, daqueles que foram atendidos pelo menos uma vez em alguns serviço da atenção primária, no postinho, na unidade básica de saúde, e um outro grupo de crianças que tiveram pelo menos duas consultas com o mesmo médico. Na faixa etária considerada, há 38 milhões de crianças no país, sendo que 82,9% delas usaram pelo menos um serviço do SUS no período da análise. Entre os atributos analisados estavam facilidade de acesso, regularidade, relação humanizada, entre outros. O score geral da atenção primária da saúde infantil foi de 5,7, abaixo do padrão mínimo de qualidade, que é de 6,6.
Para pediatra epidemiologista e professor da USP João Paulo Lotufo, o resultado da pesquisa não surpreende e o diagnóstico é certeiro: falta de profissionais. “Não tem médico, médico está de férias, o médico foi transferido, estou falando isso mais em relação à pediatria. O SUS tem coisas de primeiro mundo, mas o atendimento primário dele é muito falho, e isso precisa melhorar. Por exemplo, um especialista no atendimento primário, às vezes demora meses para se conseguir”, diz. Para o pediatra, a solução passa por contratar mais profissionais, o que também envolve mais valorização e capacitação. Com dificuldades na ponta inicial, a sobrecarga do sistema é inevitável. “É que muitas vezes o paciente chega para internar numa situação pior. Se você pega, por exemplo, uma apendicite já de dois dias, aí o prognóstico é outro; uma pneumonia já avançada, o prognóstico é outro. Isso porque o atendimento primário está falhando. Eu acho que tem que olhar com mais critério, facilitar a contratação de médicos. Acho que a prefeitura não consegue contratar o médico por questão salarial, inclusive. Isso tudo tem que ser revisto”. No Brasil a atenção primária é a porta de entrada no Sistema Único de Saúde e é de responsabilidade dos municípios. Tem uma outra informação por
*Com informações da repórter Carolina Abelin
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