Deputado aciona PGR contra decreto da AGU que cria Procuradoria contra ‘desinformação’

Segundo Carlos Sampaio, definição do que é informação ou não só pode ser dada em âmbito jurídico ou por lei, nunca pelo poder Executivo

  • Por Jovem Pan
  • 06/01/2023 11h27 - Atualizado em 06/01/2023 11h43
Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados Deputado Carlos Sampaio, do PSDB, Deputado Carlos Sampaio, do PSDB, concedeu entrevista aos Pingos nos Is, da Jovem Pan News

Em entrevista ao programa “Os Pingos nos Is”, da Jovem Pan News, o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) explicou que está dentro da prerrogativa do Executivo criar uma procuradoria, mas que não seria competência do Estado regulamentar o que é ou não informação. “O que ele não poderia fazer, e nós estamos questionando isso junto à representação que fizemos à Procuradoria Geral da República, é, por meio desse decreto, em primeiro lugar, passar a esta procuradoria, que é a advocacia pública, uma incumbência do Ministério Público, o poder de zelar sobre aquilo que é ou não, interferir no cotidiano da convivência harmônica dos poderes dentro do Ministério Público. Esse decreto define o que vem a ser desinformação. Isso também é inconcebível porque se você vai definir o que é desinformação para limitar o direito de expressão, evidentemente que esta definição tem que ser feita por lei. A lei pode dizer o que é desinformação, e não o governo”, declarou.

O deputado disse ainda que o decreto tem sinônimo de censura. “Nós estaríamos criando uma perspectiva muito ruim de patrulhamento de pensamentos, de censura às críticas e até mesmo de perseguição política. Quando você delega à advocacia pública a função de definir o conceito de desinformação, você politiza o tema que ser 100% visto sob a ótica jurídica. O direito de expressão é constitucional. Todos nós temos liberdade de expressão. Se existe alguma limitação a esse direito tem que ter previsão constitucional ou legal”, afirmou.

O deputado ainda reconheceu que a tecnologia de fato trouxe mudanças e que, por isso, é preciso uma discussão para evitar que a internet se torne uma terra, mas sem abrir mão da liberdade de expressão. Mas ressaltou que tudo isso deve ocorrer do âmbito jurídico, não do político. “somente a lei ou Constituição pode limitar qualquer tipo de previsão. O que o presidente Lula está fazendo é permitir que, por meio de um decreto, se tente limitar, dando à Advocacia-geral da União o poder de representar contra pessoas, podendo criar uma verdadeira perseguição política a seus adversários”, opinou. Carlos Sampaio diz que o objetivo é que, a partir da representação, a PGR acione o Supremo Tribunal Federal e busque suspender os efeitos do decreto que ainda será submetido à consulta pública. Após críticas de que a nova Procuradoria de Defesa da Democracia poderia promover censura e patrulhamento, a AGU, sob o comando de Jorge Messias, alegou que, sob nenhuma hipótese, cerceará opiniões, críticas ou atuará contrariamente às liberdades públicas consagradas na Constituição Federal.

*Com informações da repórter Carolina Abelin

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