É provável que sejam os mesmos criminosos, avalia ex-secretário nacional sobre assaltos

José Vicente da Silva Filho defende uma ação da Polícia da Federal com os estados para acabar com o ‘novo cangaço’

  • Por Jovem Pan
  • 02/12/2020 10h41 - Atualizado em 02/12/2020 11h49
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GUILHERME HAHN/ISHOOT/ESTADÃO CONTEÚDO Criminosos atearam fogo em veículo em frente a um Batalhão da PM de Criciúma para atrapalhar o trabalho da polícia e impedir o reforço

Há possibilidade que os mesmos criminosos do assalto a banco em Criciúma, cidade no sul de Santa Catarina, estejam envolvidos na ação realizada nesta quarta-feira, 02, em Cametá, no Pará. A avaliação é do coronel da reserva da Polícia Militar e  ex-secretário nacional de Segurança Pública, José Vicente da Silva Filho. Para ele, considerando a organização da quadrilha, é provável que exista relação entre os responsáveis pelos crimes. “É provável que tenha os mesmos criminosos participando desse tipo de operação, que requer muita organização, requer acesso de informações privilegiadíssimas sobre concentração de numerário e dinheiro, principalmente do Banco do Brasil, que faz redistribuição para outros bancos. Há muitos pontos a serem considerados nesse tipo de ação que, apesar de raras, são preocupantes”, afirma. O episódio em Cametá também aconteceu na região central do município. Assim como o caso em Criciúma, os criminosos sitiaram cidade no interior paraense e fizeram moradores de reféns, assaltaram uma agência bancária e entraram em confronto com a polícia.

José Vicente avalia, no entanto, que as atuações para inibir estes modelos de crimes não devem partir exclusivamente dos municípios. Assim o governador de Santa Catarina, Carlos Moisés, que defendeu à Jovem Pan uma ação conjunta entre os estados, o ex-secretário fala sobre a necessidade de uma cooperação entre a Polícia Federal e outros entes da federação para acabar com o chamado “novo cangaço”. “É importante pensar no futuro e aí precisa uma coordenação de caráter nacional. E a Polícia Federal tem que fazer esse trabalho, que não é tão comum, mas é necessário. Isso vai desde o banco de dados nacional até o rastreamento de armas”, pontua, destacando a atuação nas fronteiros para coibir a entrada de armamento ilegal, da Receita Federal para rastreamento de lavagem de dinheiro oriundo do crime e da articulação de inteligência para montar esse “quebra cabeça”. “A montagem desse quebra cabeça depende de cooperação. É algo que não se vê no Brasil, a Polícia Federal articulando com os estados. É o momento de se colocar um subsistema de inteligência que foi criado com Fernando Henrique Cardoso e até agora está patinando.”

O coronal da reserva da PM finaliza explicando que, agora, após os episódios em Criciúma e Cametá, o primeiro trabalho da perícia será a coleta de dados, eventuais gravações e sinais em veículos para a identificação dos participantes. Segundo ele, “se a polícia tiver uma ação decisiva” o grupo de criminosos pode ser “desarticulado de vez”. O episódio desta quarta ocorrido no Pará foi o terceiro assalto a banco em 15 dias. O primeiro, realizado em Araraquara, no interior de São Paulo, aconteceu em 24 de novembro. Já o segundo roubo aconteceu na madrugada nesta terça-feira, 1º, na cidade catarinense de Criciúma. Até o momento, no entanto, as autoridades não afirmam se há relação entre os crimes.

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