Presidente de comissão da Câmara: novo ministro precisa ‘gostar menos de rede social e mais de educação’

Para Pedro Cunha Lima, Carlos Alberto Decotelli da Silva precisará ‘recuperar o tempo perdido’

  • Por Jovem Pan
  • 25/06/2020 16h15 - Atualizado em 25/06/2020 16h19
Pablo Valadares/Câmara dos Deputados O deputado federal Pedro Cunha Lima (PESD/PB)

O deputado federal Pedro Cunha Lima (PESD/PB), presidente da Comissão de Educação da Câmara, disse nesta quinta-feira (25) ao Jornal Jovem Pan que o novo ministro Carlos Alberto Decotelli da Silva, anunciado mais cedo pelo presidente Jair Bolsonaro, precisa “gostar mais de educação e menos de rede social”.

“Esse é um momento de ter esperança. Temos uma agenda na educação que foi esquecida pelo governo como prioridade, como a formação e a carreira do professor, a falta de vaga nas creches, a articulação no novo Fundeb. É preciso que o novo ministro, e vamos acompanhar e fiscalizar, possa entender que o caminho que estava sendo dado não é correto. Ele distancia o Brasil dos resultados que precisa. Vamos aguardar o primeiro pronunciamento. Espero poder enxergar no governo maior continuidade, sequência. Essa troca de quadros frequente nos ministérios faz muito mal à eficiência dos trabalhos”, disse.

“O ministro tem que ter compreensão do diagnóstico educacional. Tem que entender que o problema da educação no Brasil não é o Paulo Freire. Que a solução não é o Olavo de Carvalho. Precisa ter alguém que saiba que precisamos implementar um sistema nacional de educação. Que articule essas redes. O desafio passa por aí. Há várias redes de ensino municipais, estaduais. É preciso não abrir espaço para nenhum tipo de contaminação dessa agenda. Espero que ele goste menos de rede social e mais de educação. Que não queria ficar entrando em polêmica. Comentando briga ideológica que só faz mal ao Brasil. E possa ser técnico, gestor, que apresente plano de trabalho e articule, que chegue para pacificar o ânimo de um país de precisa de equilíbrio. Estamos aqui para ajudar. Fiz duras críticas ao MEC na época de Weintraub por razões óbvias. Agora espero que o governo do presidente Jair Bolsonaro tire esse atraso. Já existe um prejuízo, esse é o terceiro ministro. Agora tem que recuperar o tempo perdido”, completou.

Abraham Weintraub deixou o governo no último dia 18 após uma série de polêmicas envolvendo o MEC e declarações dadas em redes sociais. Na semana anterior, ele havia participado de um ato de apoio ao governo em Brasília, sem usar máscaras e foi multado em R$ 2 mil pelo governo do Distrito Federal.

Ele também é alvo do Supremo Tribunal Federal (STF) no inquérito das fake news. No vídeo da reunião de 22 de abril, falou em prisão de ministros e os xingou de “vagabundos”. Ao anunciar sua saída do MEC, Weintraub disse que “não cabia discutir os motivos”.

Pedro Cunha Lima também comentou a falta de apoio que a bancada da educação tem dentro do Congresso Nacional. Segundo o deputado, o tema costuma ter menos aderência no País — motivo pelo qual o novo ministro precisa ter mais liderança no debate.

“O debate educacional no Brasil gira em torno de Escola sem Partido, Paulo Freire. Isso reflete no Congresso. Por isso precisamos de uma liderança mais ativa, para puxar o debate, já que ele não acontece naturalmente. Não tem que ficar enfiado em todo tipo de polêmica de bombardeio ideológico”, afirmou.

“Weintraub se preocupou muito em encontrar mecanismos de fortalecer o acirramento ideológico. Ficou parecendo que o mal do Brasil, em termos educacionais, era o comunismo. Isso é muito raso. É legítimo debater, claro. Mas de um lado tem professor mal formado, mal valorizado, péssimo salário, condições que refletem na sala de aula. Do outro lado tem o comunismo. Qual é o mal? O comunismo e não o cenário? É muito raso”, finalizou, comemorando ainda o fato de o novo ministro ser um homem negro.

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