Ana Paula: ‘Passaporte sanitário’ é cerceamento gravíssimo às liberdades individuais no Brasil

Promessa de veto do presidente Bolsonaro à medida aprovada no Senado foi debatida no programa ‘Os Pingos Nos Is’ desta terça-feira

  • Por Jovem Pan
  • 15/06/2021 20h12 - Atualizado em 15/06/2021 21h45
ALEX DE JESUS/O TEMPO/ESTADÃO CONTEÚDO Profissionais da saúde prepara dose de vacina contra a Covid-19 Segundo PL, passaporte será fornecido para aqueles que tiverem sido imunizados

O presidente Jair Bolsonaro afirmou que vetará o chamado “passaporte da vacina”, documento que teve criação aprovada pelo Senado na última quarta-feira e deve ser votado pela Câmara nos próximos dias. A ideia desse projeto é fornecer uma espécie de certificado para aqueles que estiverem imunizados contra a Covid-19. O passaporte poderá ser cobrado para autorizar a entrada de pessoas em espaços públicos e privados, como transporte coletivo, hotéis e parques. A crítica contra a medida é que ela transformaria os não vacinados em “cidadãos de segunda classe”. “Cada país faz as suas regras, se para ir para tal país tem que ter tomado tal vacina e você não tomar você não entra. Eu não acredito que isso passa pelo parlamento, se passar eu veto, o parlamento vai analisar o veto. Se derrubar, aí é lei”, afirmou Bolsonaro a apoiadores nesta terça-feira, 15. O passaporte é inspirado no certificado digital criado pela União Europeia e medidas do tipo têm surgido em diversas partes do mundo como uma alegada forma de estimular as pessoas a se vacinarem. A informação sobre o veto de Bolsonaro foi divulgada com exclusividade pelo programa “Os Pingos Nos Is”, da Jovem Pan, nesta segunda-feira.

A comentarista do programa “Os Pingos Nos Is”, Ana Paula Henkel, acredita que a declaração de Bolsonaro é importante, “pois isso está muito além de uma preocupação sanitária”. “Isso é um cerceamento grave, gravíssimo, às liberdades individuais, não apenas à escolha de se a pessoa quer tomar a vacina ou não, mas e aquelas pessoas que não podem tomar a vacina? A própria doutora Nise Yamaguchi à CPI disse que não tomaria porque ela teve Covid e porque ela tem uma doença autoimune, ou seja, nessa autonomia, independência médica, e se o médico decide que é melhor não tomar a vacina? Aquela pessoa vai ser segregada a uma ‘subcamada’ da sociedade?”, questionou. A comentarista apontou que a vacina é apenas mais uma ferramenta na luta contra a Covid-19 e disse que nos EUA há estados que passam leis. “A gente tem que cobrar agora dos deputados e cobrar também dos senadores”, afirmou, considerando que políticos que têm feito um bom trabalho, como Eduardo Girão (Podemos-CE), cometeram um erro ao aprovar o projeto na casa legislativa.

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