O que é ser cancelado nas redes sociais?

Anitta, J.K. Rowling, Gabriela Pugliesi e Drauzio Varella já foram vítimas da cultura do cancelamento; entenda o que isso significa

  • Por Lívia Zanolini
  • 04/12/2020 16h08 - Atualizado em 04/12/2020 16h14
Reprodução/Jovem Pan Jovem Pan

Imagine só o susto de alguém ao acessar as redes sociais e se deparar com uma enxurrada de críticas e ataques! Tudo por causa de um comentário que acabou gerando milhares de compartilhamentos e reações negativas. E não interessa o que a pessoa quis dizer. Ela foi virtualmente massacrada e não será fácil encontrar uma brecha para se explicar. Esse seria mais um caso de uma vítima da cultura do cancelamento, um movimento coordenado nas redes sociais para atacar a reputação de alguém, por atitudes ou opiniões consideradas inadequadas por alguns usuários. Embora anônimos não estejam blindados, as vítimas geralmente são figuras influentes, como grandes marcas, políticos e celebridades. Foi o que aconteceu com a escritora J.K. Rowling, autora da saga Harry Potter, que foi bastante criticada, até mesmo por colegas de profissão, por comentários considerados transfóbicos no Twitter. E com o médico Drauzio Varella, depois de abraçar, em uma reportagem na TV, uma mulher trans presa, condenada por estuprar e matar uma criança. Estudiosos explicam que esse “boicote online” é um fenômeno que se fortaleceu em 2017, com o #Metoo. Movimento que surgiu nos Estados Unidos para incentivar vítimas de abuso sexual a denunciarem os agressores.

Agora, a grande diferença da cultura do cancelamento é que ela não fica só no ambiente online, mas também pode ter desdobramentos na vida real. Desde danos à reputação e perda de relevância, até consequências mais graves, como processos judiciais, cancelamentos de contratos e demissões. Para a mestre em Negócios de Mídias Digitais pela Macromedia University, na Alemanha, Isabelle Bedê, é preciso cuidado para não transformar a cultura do cancelamento em linchamento virtual. “A cultura do cancelamento é um tipo de ativismo que visa dar voz para as minorias, muitas vezes ajudando para que mudanças reais ocorram. Porém, o exagero pode ser prejudicial, se transformando até em uma espécie de censura ao impedir que as pessoas falem o que pensam. É importante lembrar que a vida é um aprendizado e que qualquer um de nós pode errar. Em qualquer situação, se pergunte sempre: essa pessoa realmente merece ser cancelada?” Ou seja, antes de submeter alguém ao “tribunal da internet”, cheque as informações e evite “julgamentos” desproporcionais. Tá Explicado?

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