Como age uma vacina no organismo?

A descoberta de um imunizante contra a Covid-19 tem mobilizado cientistas no mundo todo; entenda de que forma essas substâncias protegem contra doenças

  • Por Lívia Zanolini
  • 23/11/2020 15h10 - Atualizado em 23/11/2020 20h05
EFE/EPA/DAVE MUSTAINE Das mais de 200 vacinas contra a Covid-19 em desenvolvimento no mundo, quatro foram autorizadas pela Anvisa para serem testadas no Brasil

A vacinas protegem contra vírus e bactérias que provocam vários tipos de doenças graves, que podem até levar à morte. Hoje, no Brasil, 18 tipos de vacinas são distribuídos gratuitamente pelos SUS. Apesar disso, a procura pela imunização vêm diminuindo nos últimos anos. As principais explicações para essa baixa procura, segundo o Ministério da Saúde, são a falsa sensação de segurança diante da diminuição das doenças, as fake news e o próprio desconhecimento quanto à importância da vacinação. Mas como será que as vacinas agem dentro do organismo de forma a permitir a proteção do organismo? O imunologista Jorge Kalil, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, explica que a vacinação é uma forma de simular a doença no corpo, sem que a pessoa realmente seja infectada.

“Ou você dá o vírus inativado morto ou um pedaço do vírus, que normalmente causa a infecção, e desta forma você estimula o sistema imune. Tanto os linfócitos B para produzirem anticorpos, como os linfócitos T para produzirem células citotóxicas. Desta forma, você já tem a defesa armada e, quando o vírus entrar em contato com você, você o elimina rapidamente sem ter nenhum tipo de problema ou doença”, esclarece o especialista. Atualmente, um dos maiores desafios de cientistas do mundo todo é encontrar uma vacina capaz de imunizar o ser humano contra a Covid-19. Antes de qualquer imunizante ser liberado para a população, ele precisa passar por três etapas: os estudos pré-clínicos – com experimentos feitos em laboratório e animais -, estudos clínicos – com testes feitos em humanos – e o registro, se aprovado nas fases anteriores.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, dos cerca de 200 projetos de vacinas em desenvolvimento ao redor do planeta, 45 chegaram à etapa de avaliação clínica. Destas, 10 evoluíram para a fase três, em que os testes são aplicados em milhares de pessoas para comprovar se o imunizante é realmente seguro, ou seja, não traz prejuízos para a saúde, e eficaz, que realmente proteja o organismo contra a doença. Entre essas 10, quatro foram autorizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária para realização de testes aqui no Brasil. A CoronaVac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantã, em São Paulo. A da Universidade de Oxford, no Reino Unidos, desenvolvida em parceria com o laboratório Astrazeneca. Estas duas anteriores já em processo de análise final pela Anvisa. E as vacinas das companhias farmacêuticas Pfizer, dos Estados Unidos, e BioNTech, da Alemanha, e da farmacêutica Janssen-Cilag, da Bélgica, que faz parte do grupo Johnson & Johnson.

Além destas, outras estão em desenvolvimento no Brasil. Neste contexto, Kalil coordena um grupo de brasileiros que estuda um imunizante aplicado por instilação nasal e capaz de proporcionar cobertura de proteção maior na população. “A vacina que desenvolvemos partiu do estudo de 200 voluntários que tiveram a doença e se recuperaram. Daí conseguimos identificar partículas do vírus que são melhor alvo para resposta de anticorpos, como para resposta celular. Nós estamos, atualmente, melhorando esse protótipo em pesquisas em animais”, explica. A expectativa do imunologista é que esta vacina esteja pronta para ser utilizada entre o fim do ano que vem e começo de 2022. Já a previsão da Fiocruz é que, com base nos imunizantes em estudos mais avançados, a vacinação, no Brasil, comece até março do ano que vem. Tá Explicado?

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