Seleções europeias desistem de campanha contra preconceito após receber ‘ameaças’ da Fifa

As confederações afirmam que a entidade está ameaçando impor sanções, como o uso de cartões amarelos, para quem se manifestar em apoio à comunidade LGBTQIA+ ou contra qualquer tipo de preconceito

  • Por Jovem Pan
  • 21/11/2022 08h39
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Reprodução/Instagram/harrykane Harry Kane com a braçadeira One Love Harry Kane com a braçadeira 'One Love'

Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Holanda, Inglaterra, País de Gales e Suíça anunciaram, na manhã desta segunda-feira, 21, que desistiram de fazer uma manifestação em apoio à comunidade LGBTQIA+ e contra qualquer tipo de preconceito. Em comunicado, as sete seleções europeias disseram que os capitães de suas respectivas seleções não vão mais usar braçadeiras com as cores do arco-íris. As confederações afirmam que a Fifa está ameaçando impor sanções, como o uso de cartões amarelos, para quem se manifestar de tal forma. “A Fifa tem sido muito clara de que vai impor sanções esportivas se nossos capitães usarem as braçadeiras no campo de jogo. Como federações nacionais, não podemos colocar nossos jogadores em uma posição na qual poderiam enfrentar sanções esportivas, incluindo cartões. Então, pedimos aos capitães que não tentem vestir as braçadeiras nos jogos da Copa do Mundo”, diz o comunicado assinado pelas confederações.

No último domingo, 20, o jornal inglês “The Guardian” já havia informado que o atacante Harry Kane, da seleção inglesa, poderia ser punido por usar a braçadeira, conhecida como “One Love”. Das sete seleções que ensaiaram o movimento, a Inglaterra será a primeira a entrar em campo, nesta segunda-feira, diante do Irã. De acordo com as confederações, a atitude da Fifa é “sem precedentes”. “Estamos muito frustrados com a decisão da Fifa, que acreditamos que é sem precedentes. Escrevemos para a Fifa em setembro informando nosso desejo de vestir a braçadeira One Love para apoiar ativamente a inclusão no futebol, e não tivemos resposta. Nossos jogadores e treinadores estão desapontados. Eles são fortes apoiadores da inclusão e irão mostrar seu apoio de outras formas”, acrescenta a nota dos países.

A Fifa, no sábado passado, anunciou uma campanha em parceria com a ONU que prevê a exibição de mensagens humanitárias nas faixas usadas pelos capitães das 32 seleções que disputam a Copa. De acordo com a imprensa europeia, a decisão seria uma forma da entidade minar as manifestações da seleção europeia. O Catar, sede do Mundial, é constantemente criticado por suas leis contra os homossexuais, além da exploração dos trabalhadores imigrantes. “Estamos preparados para pagar multas que normalmente aplicam sobre brechas nas regras de uniformes, e temos um compromisso forte para vestir a braçadeira. Porém, não podemos colocar nossos jogadores em situação na qual poderiam receber cartões ou mesmo forçados a deixar o campo”, continua a nota das seleções. O torneio será finalizado em 18 de dezembro.

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