Boxeadora argelina vítima de ataques de gênero apela pelo fim do bullying: ‘Isso pode destruir pessoas’

Imane Khelif está na semifinal do box e vai disputar vaga na final com a húngara Luca Hamori, que chamou a atleta de homem em suas redes sociais

  • Por Jovem Pan
  • 05/08/2024 18h11
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MOHD RASFAN / AFP Imane Khelif Imane Khelif, boxeadora da Argélia

A boxeadora argelina Imane Khelif, quem vem sendo vítima de ataques de gênero nas últimas semanas, quer conquistar a medalha de ouro nas Olimpíadas de Paris para tentar amenizar a situação. Afeta a dignidade humana”, afirma. Ela já garantiu, ao menos, a medalha de bronze. A declaração foi dada às vésperas da semifinal contra a tailandesa Janjaem Suwannapheng.  Em entrevista à agência de notícias Associated Press no domingo (4), ela comentou sobre os ataques que recebeu nos últimos dias. “Envio uma mensagem a todas as pessoas do mundo para defenderem os princípios olímpicos e a Carta Olímpica, para se absterem de intimidar os atletas, porque isso tem efeitos, efeitos enormes”, disse Imane. “Isso pode destruir pessoas, pode matar os pensamentos, o espírito e a mente das pessoas. Isso pode dividir as pessoas. E por causa disso, peço-lhes que evitem o bullying. Em 2023, a lutadora não passou em um teste de gênero – por ter níveis elevados de testosterona – para competir no Mundial da modalidade e foi desqualificada. O valor e a qualidade dos testes foram questionados pelo próprio Comitê Olímpico Internacional (COI).

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Na última semana, as polêmicas em relação a seu gênero aumentaram após a curta luta com a italiana Angela Carini, no qual a adversária abandonou o confronto ainda no primeiro assalto. Ela afirmou, posteriormente, que nunca havia “sofrido golpes tão fortes”. Na internet, a situação se somou aos ataques de gênero. “Estou em contato com minha família dois dias por semana. Espero que eles não tenham sido profundamente afetados”, disse ela. “Eles estão preocupados comigo. Se Deus quiser, esta crise culminará numa medalha de ouro, e essa seria a melhor resposta”. Antes das quartas de final, a húngara Luca Hamori, que enfrentaria Imane, se juntou aos ataques, afirmando em seu perfil no TikTok que “teria lutar contra um homem”.

O COI saiu em defesa da atleta, assim como o Comitê Olímpico da Argélia. Imane está no centro da polêmica, mas não é a única afetada pela questão. Yu Ting Lin, de Taiwan, também foi desclassificada do Mundial de Boxe, em 2023, e disputa a Olimpíada de Paris. Assim como a argelina, ela garantiu ao menos a medalha de bronze em sua categoria. “O teste de testosterona não é um teste perfeito. Muitas mulheres podem ter níveis de testosterona iguais ou semelhantes aos dos homens, embora ainda sejam mulheres”, afirmou Mark Adams, porta-voz do COI sobre o caso.

*Com informações do Estadão Conteúdo
Publicado por Sarah Américo

 

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