Maior ginasta do mundo, Simone Biles desistiu de prova em Tóquio por saúde mental

Ginasta abandonou a final por equipes na ginástica artística feminina nesta terça-feira, 27, e surpreendeu o mundo

  • Por Jovem Pan
  • 27/07/2021 20h56 - Atualizado em 27/07/2021 21h16
Reprodução/ Instagram Simone Biles olhando para baixo em roupa de ginástica Simone Biles disse que pressão a afeta

A norte-americana Simone Biles é considerada a maior ginasta do mundo e a principal atleta de Tóquio 2020. Aos 24 anos, ela é um verdadeiro furacão: são 18 medalhas de ouro em Campeonatos Mundiais de Ginástica, três de prata e três de bronze; além de quatro ouros e um bronze nos Jogos Olímpicos Rio 2016. Cotada para colecionar medalhas em Tóquio, Simone surpreendeu o mundo ao desistir da final por equipes nesta terça-feira, 27. Ela se apresentou no salto e acabou errando a saída. Depois disso, não participou dos outros aparelhos e a delegação dos EUA alegou que ela estaria lesionada. Os norte-americanos ficaram com a medalha de prata, atrás da Rússia e na frente da Grã-Bretanha. Porém, ao final da prova, a ginasta explicou o verdadeiro motivo de ter deixado a competição. “Tenho que me concentrar na minha saúde mental. Depois da apresentação que fiz, simplesmente não queria continuar”, disse ela.

Biles tirou 13.766 no salto, sua menor nota no aparelho. “Acho que a saúde mental é mais importante nos esportes nesse momento. Temos que proteger nossas mentes e nossos corpos e não apenas sair e fazer o que o mundo quer que façamos”, afirmou a atleta. Ainda durante a entrevista coletiva, Simone disse que não tem a mesma confiança que tinha no início de sua carreira. “Eu não confio mais tanto em mim mesma. Talvez seja o fato de estar ficando mais velha. Não somos apenas atletas. Somos pessoas, afinal de contas, e às vezes é preciso dar um passo atrás. Eu não queria ir lá, fazer algo estúpido e me machucar. Sinto que muitos atletas se manifestando realmente me ajudou. É tão grande, são os Jogos Olímpicos. No fim de tudo, não queremos sair carregados de lá em uma maca”, completou.

Em postagem no Instagram, Biles comentou que não foi um dia fácil e que as vezes toda a pressão que carrega por ser uma das melhores atletas do mundo a afeta. “Não foi um dia fácil ou o meu melhor, mas consegui superá-lo. Eu realmente sinto que às vezes tenho o peso do mundo sobre meus ombros. Eu sei que eu ignoro e faço parecer que a pressão não me afeta, mas às vezes é difícil! As Olimpíadas não são brincadeira! Mas estou feliz que minha família foi capaz de estar comigo virtualmente. Eles significam o mundo para mim”, escreveu ela. Assim como Biles, recentemente a tenista Naomi Osaka desistiu de Roland Garros e não competiu em Wimbledon por questões de saúde mental e passou um tempo com a família nos Estados Unidos. Ela foi eliminada na terceira rodada dos Jogos Olímpicos nesta segunda-feira.

O tema da saúde mental no esporte têm crescido nos últimos anos com os posicionamentos de atletas de alto rendimento. Ainda é um assunto considerado ‘tabu’ e não discutido em diversos ciclos. O Brasil já teve alguns exemplos como o de Adriano Imperador, que enfrentou uma depressão profunda após a morte do pai em 2009 e teve problemas na carreira, se aposentando definitivamente em 2016. Nilmar, atacante ex-Santos e Internacional, ficou meses afastado dos gramados também por questões psicológicas. Poucos clubes no país mantém equipe de psicólogos disponível para os atletas, o que pode afetar o rendimento. Com tantos alertas a nível mundial, se torna cada vez mais importante lidar com a saúde mental como uma parte indissociável de qualquer esporte.

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