A jornal inglês, Mandetta eleva tom e diz que Bolsonaro levou o Brasil a uma catástrofe

“Ele ouve, mas não ouve. Ele olha, mas não vê”, disparou o ex-ministro da Saúde

  • Por Jovem Pan
  • 15/08/2020 20h11 - Atualizado em 17/08/2020 09h44
Isac Nóbrega/PR O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta

Em entrevista ao jornal The Guardian, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta acusou o presidente Jair Bolsonaro de desempenhar um papel “fundamental” na condução do Brasil para uma catástrofe durante a pandemia da Covid-19. “Bolsonaro jogou política com a vida dos cidadãos em um momento de crise global. Ele conduziu o povo brasileiro para um desfiladeiro em marcha rápida e as pessoas caíram e morreram. Precisa reconhecer que isso foi um erro, que causou dor, acho que deve ser politicamente complicado para ele agora”, afirmou.

O Brasil hoje tem mais de 107 mil mortes por Covid-19 e está atrás somente dos Estados Unidos, tanto em número de casos quanto de óbitos. Segundo Mandetta, a luta contra a doença no País foi fatalmente comprometida pelo “desprezo absoluto pela ciência” de Bolsonaro. “É interessante que ele rejeite totalmente a ciência e zombe de todos aqueles que falam de ciência. No entanto, quando há qualquer perspectiva de uma vacina, ele é o primeiro a vir bater na porta da ciência… Como se uma vacina fosse redimi-lo de sua marcha desconcertante através desta epidemia”, disse o ex-ministro.

Mandetta também atacou a “sabotagem completa” de Bolsonaro ao Ministério da Saúde. Depois que Mandetta e sua equipe foram despejados, outro ministro da saúde, Nelson Teich, assumiu o comando, mas durou menos de um mês depois de também entrar em conflito com o presidente. Desde maio, o ministério tem o general Eduardo Pazuello como líder interino. “Quando você está em uma situação onde você se cerca de pessoas que dizem o que você quer ouvir e não a verdade, o líder acaba cegando a si mesmo para o que está acontecendo”, afirmou Mandetta. “Ele ouve, mas não ouve. Ele olha, mas não vê”, acrescentou.

O ex-ministro ainda alertou que, sem uma mudança urgente na direção, o número médio de mortes diárias – que tem sido próximo ou superior a 1.000 por quase três meses – só poderia cair no final de setembro. “Espero que o líder que sair vitorioso em 2022 seja capaz de reconstruir o tecido social quebrado do Brasil, dando a este País um senso de unidade… E aceite que não é normal sair por aí dizendo que os brasileiros gostam de rolar no esgoto”, finalizou Mandetta.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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