Fórum da Longevidade: edição abordou a importância do aprendizado

  • Por Leonan Oliveira
  • 14/11/2019 11h40 - Atualizado em 14/11/2019 12h02

Na última terça-feira (12), a Bradesco Seguros promoveu em São Paulo o XIV Fórum da Longevidade. O evento reuniu nomes nacionais e internacionais da saúde, psicanálise e bem-estar para discutir a importância do aprendizado na construção da qualidade de vida. 

Com apresentação da atriz Cissa Guimarães, o evento foi aberto por Vinicius Albernaz, presidente do grupo Bradesco Seguros, que destacou que falar de longevidade, apesar do termo carregar uma ideia de futuro, é falar do presente. Para ele, hábitos saudáveis para o corpo e mente – que inclui o ato de aprender – são fundamentais no envelhecimento saudável. “A aprendizagem é um processo contínuo que precisa se estender ao longo de toda a vida”, disse. 

Tendo esse conceito em mente, o público mergulhou em uma reflexão guiada por Alexandre Kalache, médico e consultor de longevidade da Bradesco Seguros, que falou sobre a importância desse aprendizado ao longo do tempo, focada nos desafios e oportunidades resultantes do tempo que ganhamos com o aumento da expectativa de vida, que, segundo o IBGE, está 10 anos maior do que em 1999. 

Para o especialista, o aprendizado e o cuidado com o corpo e mente foram primordiais para que seu próprio envelhecimento acontecesse de modo saudável. “Se eu tivesse parado de aprender quando eu acabei meu curso médico há 49 anos, você não estaria me entrevistando”, reforçou, em entrevista exclusiva à Jovem Pan.
 

 

Seguindo esse mesmo raciocínio, Alessia Forti, economista da Organização Para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), abordou a importância da aprendizagem permanente, uma vez que o “envelhecimento da população está mudando significativamente as profissões e competências necessárias”. 

A especialista ressalta que o bom envelhecimento, da mente e do corpo, é diretamente ligado a movimentação da economia e do emprego. Sendo assim, para evitar o desemprego em massa, é preciso que a população seja treinada e preparada para acompanhar o desenvolvimento tecnológico dos mercados. “Na OCDE, estimamos que 14% dos empregos podem desaparecer como resultado da automação, mas que 32% dos empregos podem mudar significativamente.” 

Em reação a este dado, o americano Tim Driver, fundador da Retirement Jobs, destaca um dado interessante: pessoas +50 estão acompanhando as mudanças e querem um emprego novo. Ele conta que existem tipos diferentes de profissionais nesta categoria e que a característica comum entre todos é a curiosidade  e o constante desejo de se desenvolver. “Quem são esses aprendizes com mais de 50 anos? Existem cinco tipos: os que estão redirecionando sua carreira, ganhando habilidades para ficar mais competentes, os empreendedores, quem quer devolver algo à sociedade e os que querem se enriquecer ao longo dos anos.”

O impacto desses profissionais no mercado é enorme e pode crescer ainda mais. “Hoje, os setores que mais estão contratando profissionais mais velhos são os de enfermagem, saúde, ensino, varejo. Vemos essa tendência da economia impulsionada pelos serviços.”

Driver acredita tanto nesse mercado que resolveu investir na criação de uma empresa especializada na recolocação de pessoas com acima de 50 anos no mercado de trabalho. A Retirement Jobs nasceu em 2006 e, atualmente, conta com mais de 1,5 milhão de pessoas cadastradas. 

 

A velhice é uma alegria

 

Considerando a nova expectativa de vida e a importância do aprendizado no envelhecimento saudável, a filósofa Viviane Mosé fez uma reflexão sobre o relacionamento da sociedade com o tempo. Ela explica que existem dois tipos diferentes de tempo: o tempo lógico e o tempo de vida e que ambos não estão necessariamente ligados. 

“Quando eu fiz 39 anos, eu engravidei. Quando isso aconteceu eu procurei uma médica especialista em gravidez de risco. Ela fez meus exames e me entregou uma coisa simples para fazer e eu falei: ‘é só isso?’ Ela respondeu: ‘por que é que a senhora está preocupada?’ Eu disse: ‘porque eu tenho 39 anos’. E ela respondeu: ‘a senhora não tem 39 anos.  Pelos seus exames você é mais nova do que a moça que acabou de sair daqui, que tem 22 anos. Porque ela tem pressão alta e um desgaste físico muito grande’. Então a idade, disse essa médica, não é exatamente a cronológica. A idade é o tempo de vida do seu corpo”, explicou. 

A especialista contou que é preciso enxergar a velhice como um presente e não como um problema, ideia ainda muito forte na mente dos brasileiros. Para ressignificar o conceito de velhice e torná-lo algo positivo, Viviane destaca que é preciso entender que o tempo extra de vida também significa ganho de oportunidade de viver experiências positivas e impactar o mundo. “Envelhecer era um problema porque envelhecer era um acúmulo. A infância é linda, a juventude é maravilhosa, mas envelhecer é um inferno”, analisou, fazendo referência ao tratamento dado ao envelhecimento. 

Prêmios da Longevidade

Ao longo do XIV Fórum da Longevidade, a Bradesco Seguros também promoveu a nona edição dos Prêmios Longevidade, que reconheceu nomes do jornalismo e da pesquisa acadêmica que contribuíram com informações relevantes para a promoção do envelhecimento saudável. 

Neste ano, a premiação obteve o maior número de inscritos registrados em sua história, que começou em 2011. No total, foram mais de 500 trabalhos avaliados e divididos em três categorias: Jornalismo, Pesquisa e Histórias de Vida. 

Conheça os vencedores clicando AQUI.

Além disso, o XIV Fórum da Longevidade reconheceu o jornalista Cid Moreira como um dos ícones da longevidade. O locutor e ex-apresentador do Jornal Nacional, com sua voz marcante, compartilhou experiências e relembrou momentos divertidos de sua carreira. 

Acesse www.vivaalongevidade.com.br e assista aos principais momentos do XIV Fórum da Longevidade. 

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