‘Lamento profundamente pelas vidas das crianças argentinas’, diz Bolsonaro

O presidente declarou, ainda, que ‘no que depender de mim e do meu governo, o aborto jamais será aprovado em nosso solo’; a manifestação foi feita após legalização do procedimento no país vizinho

  • Por Jovem Pan
  • 30/12/2020 19h35 - Atualizado em 30/12/2020 19h46
Carolina Antunes/PR Presidente Jair Bolsonaro No fim de novembro, Bolsonaro e o presidente argentino conversaram pela primeira vez desde a eleição de Alberto Fernández, em outubro de 2019; a relação entre os dois é baseada em uma série de acusações

Depois do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, o presidente Jair Bolsonaro também usou as redes sociais para criticar a aprovação no Senado argentino do projeto que legaliza a interrupção voluntária da gravidez até a 14ª semana de gestação, nesta quarta-feira, 30. “Lamento profundamente pelas vidas das crianças argentinas, agora sujeitas a serem ceifadas no ventre de suas mães com anuência do Estado. No que depender de mim e do meu governo, o aborto jamais será aprovado em nosso solo. Lutaremos sempre para proteger a vida dos inocentes!”, escreveu o presidente em sua conta pessoal no Twitter no início da noite.

Horas antes, Ernesto Araújo também havia criticado a decisão do país vizinho.  Ao compartilhar uma publicação do jornal espanhol El País sobre o caso, no Twitter, o ministro escreveu que “o Brasil permanecerá na vanguarda do direito à vida e na defesa dos indefesos, não importa quantos países legalizem a barbárie do aborto indiscriminado, disfarçado de ‘saúde reprodutiva’ ou ‘direitos sociais’ ou como quer que seja”. Além da Argentina, o procedimento é permitido em outras regiões da América Latina: CubaUruguai, Guiana, Guiana Francesa e em algumas regiões do México.

Com a aprovação do Senado, o projeto segue para sanção do presidente Alberto Fernandéz, autor da proposta. A aprovação se deu com 38 votos a favor, 29 contra e uma abstenção após mais de 12 horas de debate. O texto já tinha sido aprovado na Câmara no dia 11 de dezembro com 131 votos a favor , 117 contrários e seis abstenções. Pela norma, os profissionais que não concordarem com a prática podem invocar objeção de consciência. Segundo a proposta, após o período de 14 semanas em que o aborto é legalizado, o procedimento só vai ser permitido caso ofereça riscos para a gestante ou seja resultado de um estupro.

Amizade Brasil-Argentina

No fim de novembro, Bolsonaro e o presidente argentino conversaram pela primeira vez desde a eleição de Alberto Fernández, em 27 de outubro de 2019. O encontro marcou o dia da Amizade Brasil-Argentina. A relação entre os dois é baseada em uma série de acusações. Bolsonaro torcia abertamente para a reeleição de Maurício Macri, opositor de Fernández. O apoio a Macri se intensificou depois que o presidente argentino, na época candidato, visitou Lula enquanto o petista ainda estava preso em Curitiba. O encontro entre os representantes foi virtual, cada um estava em seu país. Segundo comunicado da Casa Rosada, Fernández pediu para deixar “as diferenças do passado e enfrentar o futuro com as ferramentas que funcionam bem entre nós (Brasil e Argentina)” para “realçar todos os pontos de concordância”.

Do outro lado, Bolsonaro respondeu às propostas de Fernández. “Nossas forças armadas têm uma integração excelente. Fortaleceremos nossa integração nas indústrias de defesa e avançaremos no combate ao narcotráfico e ao crime transnacional”, garantiu. O presidente brasileiro também comentou sobre o Mercosul. “O Mercosul é o nosso principal pilar de integração, mas precisamos gerar mecanismos mais ágeis e menos burocráticos”, disse.

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