Dólar sobe com temor global por avanço da pandemia e endurecimento de lockdown

Mercados em todo o mundo repercutem negativamente adoção de novas medidas de isolamento por diferentes países; Ibovespa acompanha mau humor generalização e cai

  • Por Jovem Pan
  • 15/01/2021 13h58 - Atualizado em 15/01/2021 13h58
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Willian Moreira/Estadão Conteúdo Mão segura duas cédulas de US$ 1 Dólar segue em alta e se mantém acima de R$ 5,40 após fechar com forte valorização de 1,44% na véspera

O temor pelo avanço da pandemia do novo coronavírus em diversos países e os efeitos do recrudescimento de medidas de isolamento social geram cautelas nos mercados globais nesta sexta-feira, 15. O tom pessimista chegou a ofuscar os planos de resgate da economia dos Estados Unidos anunciados na véspera pelo presidente eleito Joe Biden. O cenário faz o dólar inverter o viés de alta registrado nos últimos três dias e às 14h avançar 0,80%, a R$ 5,215. A divisa norte-americana chegou a bater a máxima de 5,291, enquanto a mínima não passou de R$ 5,237. Na véspera, o dólar fechou com recuo de  1,96%, cotado a R$ 5,207. O mau humor nos mercados globais também tolhem o avanço da Bolsa de Valores brasileira. O Ibovespa, o principal índice da B3, operava com forte queda de 1,75%, aos 121.322 pontos. Na quinta, o pregão encerrou com avanço de 1,27%, aos 123.480 pontos.

A adoção de novas medidas de isolamento social em diferentes partes do mundo e os efeitos dessas ações na recuperação da economia global criam aversão ao risco por parte dos investidores. O Reino Unido, que passa pela terceira e mais severa fase de lockdown, proibiu a entrada de viajantes de diversos países, incluindo o Brasil, para dificultar a disseminação de novas variantes da Covid-19. Já a França decretou toque de recolher para evitar que pessoas fiquem nas ruas e acelerem a transmissão do vírus. No outro lado do planeta, o Japão passa pela fase mais dura da pandemia um ano após o registro do primeiro caso de infecção. O alerta sanitário japonês, que não inclui o confinamento da população, os incita a não fazer deslocamentos desnecessários e a ficar em casa a partir das 20h. O arquipélago também proibiu a entrada de não-residentes no território, apenas com algumas exceções.

A pauta da Covid-19 chegou a ofuscar o anúncio de US$ 1,9 trilhão para a economia norte-americana feito pelo próximo ocupante da Casa Branca na noite desta quinta. O pacote detalhado por Biden inclui mais de US$ 400 bilhões para reforçar a saúde e a distribuição de vacinas contra a Covid-19; US$ 350 bilhões para ajudar estados e municípios a superarem os déficits orçamentários; cerca de US$ 1 trilhão em auxílio direto às famílias; e cerca de US$ 440 bilhões para pequenas empresas e comunidades atingidas pela pandemia. Também haverá a distribuição de cheques no valor US$ 1,4 mil para os norte-americanos, superando os de US$ 600 emitidos no último pacote do congresso. O projeto também contempla US$ 400 de auxílio-desemprego por semana, superior aos US$ 300 semanais, estendido até setembro.

No noticiário doméstico, os investidores analisam a possibilidade do Brasil iniciar a vacinação contra a Covid-19 já na próxima semana. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) se reúne neste domingo, 17, para votar os pedidos de aplicação emergencial protocolados pelo Instituto Butantan e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Segundo o governo federal, caso o órgão dê a luz verde, a campanha de vacinação deve iniciar em todo o país no dia 20. Também pesa no radar a queda de 0,1% na atividade do varejo em novembro do ano passado, influenciada principalmente pela disparada da inflação. Os investidores ainda acompanham os desdobramentos das disputas pelo controle da Câmara dos Deputados e Senado. As eleições para a presidência das duas Casas está marcada para 1º de fevereiro e é motivo de disputa entre grupos de apoio e oposição ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). As negociações para agregar o maior número de votos congelaram os debates para aprovação dos textos estruturantes da economia. A expectativa do mercado é que pautas fundamentais para a recuperação do país no pós-pandemia, como as reformas tributária e administrativa, sejam tratadas imediatamente após a definição das presidências.

 

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