PIB cresce 7,7% no terceiro trimestre, e Brasil sai da recessão

Após dois períodos seguidos de retração, economia brasileira reage impulsionada pela alta na indústria e nos serviços; economistas revisam projeções e agora estimam queda de 4,5% para o final deste ano

  • Por Jovem Pan
  • 03/12/2020 09h05 - Atualizado em 03/12/2020 09h36
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LEANDRO FERREIRA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO Alta ocorre depois de queda história de 9,7% na atividade econômica no segundo trimestre

Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 7,7% no terceiro trimestre de 2020 na comparação com os três meses anteriores, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Pesquisa (IBGE) divulgados na manhã desta quinta-feira, 3. Em valores correntes, a soma de todas as riquezas produzidas pelo país entre julho e setembro foi de R$ 1,891 trilhão. O avanço das atividades econômicas coloca o Brasil fora da recessão técnica após dois períodos seguidos de retração. Nos primeiros três meses do ano, o PIB registrou queda de 1,5%, enquanto no segundo trimestre a retração atingiu recorde de 9,6%, impactada pela paralisação da economia nacional em meio ao período mais crítico da pandemia do novo coronavírus. O avanço no terceiro trimestre veio abaixo do projetado pelos analistas e técnicos do governo. O Banco Central estimava alta de 9,4%, enquanto o governo federal previa crescimento de 8,3%. Na comparação com o mesmo trimestre de 2019, o PIB recuou 3,9%. Apesar do aumento, a economia brasileira ainda acumula retração de 5% em 2020.

A indústria liderou a alta, com aumento de 14,8% no trimestre encerrado em setembro, ante queda histórica de 12,3% nos três meses anteriores. O setor de serviços, que agrega atividades ligada ao lazer e turismo — os mais atingidos pelas medidas de isolamento social —, cresceu 6,3%, após registrar queda de 9,7% no seguro trimestre. A agropecuária foi o único segmento com desempenho negativo ao cair 0,5% entre julho e setembro. No trimestre anterior, o setor havia avançado 0,4%. A construção civil, apontado como um dos principais termômetros da economia, registrou alta de 5,6% entre julho e setembro. Nos três meses prévios, o segmento havia recuado 5,7%. Atividades de eletricidade e gás, que também são fortes indicadores do aquecimento econômico, subiram 8,5%. Na comparação anual, a agropecuária é o único indicador do PIB que acumula variação positiva em comparação com o mesmo período do ano passado, com alta de 0,4%. A indústria soma queda de 0,9%, enquanto o setor de serviços, que tem peso de 73% na composição do índice, teve retração de 4,8%.

“Crescemos sobre uma base muito baixa, quando estávamos no auge da pandemia, o segundo trimestre. Houve uma recuperação no terceiro, contra o segundo trimestre, mas se olharmos a taxa interanual, a queda é de 3,9% e no acumulado do ano ainda estamos caindo, tanto a Indústria quanto os Serviços. A Agropecuária é a única que está crescendo no ano, muito puxada pela soja, que é a nossa maior lavoura”, destaca a coordenadora de contas nacionais do IBGE, Rebeca Palis.

A retomada dos índices já era esperada por analistas do setor público e privado. Previsão da Confederação Nacional da Indústria (CNI) estimava alta de 9% no terceiro trimestre. A euforia era compartilhada com outros analistas e instituições financeiras, que estimavam alta entre 7% e 8%. O otimismo foi puxado pela recuperação antes do previsto de setores fundamentais da economia, como o varejo e a indústria. Já o Banco Central esperava por avanço de 9,47%, segundo dados do IBC-Br divulgados em novembro, considerado a prévia do PIB. Técnicos do Ministério da Economia divulgaram expectativa de avanço na casa dos 8,3%, também justificando a recuperação das atividades econômicas após o pior momento da crise da Covid-19.

Em diversos momentos, o ministro Paulo Guedes afirmou que o país está crescendo em “V” e que o tombo de 2020 será muito menor do que esperado no início da pandemia. O bom desempenho entre os meses de julho e setembro renova a expectativa que a retração da economia brasileira seja menos drástica. Em junho, o Fundo Monetário Internacional (FMI) projetou que o PIB brasileiro iria despencar 9,1% neste ano. Em novembro, a entidade revisou o número para queda de 5,8%. O Banco Central tomou caminho semelhante. No início da pandemia, a autoridade monetária nacional estimava recuo de 6,5% neste ano. Meses depois, o número chegou a 4,8%. Já o governo federal espera recuo de 4,5% neste ano, ante previsão de 4,7% divulgada meses atrás. O Boletim Focus, que reúne as estimativas de analistas para os rumos da economia brasileira e é divulgado toda semana, está constantemente alterando a estimativa de queda do PIB. Na edição publicada nesta segunda-feira, o documento estampava o recuo de 4,5%, ante os 4,8% esperados há quatro semanas.

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