Apesar de calmo, debate presidencial dos EUA teve troca de acusações

Mais contido do que o normal, Trump acusou o seu opositor de ‘falar mais do que cumprir’; Biden, por sua vez, prometeu governar não só para aqueles que votarem nele, mas para todos os americanos

  • Por Bárbara Ligero
  • 23/10/2020 02h18
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Kevin Dietsch/Pool/Sipa USA Ao final do debate, Donald Trump e Joe Biden posam ao lado de suas esposas, Melania Trump e Jill Biden

Diferente do primeiro encontro entre Donald Trump e Joe Biden, que foi marcado por falas interrompidas e tons agressivos, o debate desta quinta-feira (22) foi mais educado e pacífico – o que não impediu os candidatos à presidência dos Estados Unidos de trocarem farpas entre si. A decisão da comissão que organiza os eventos de silenciar o microfone em determinados momentos não teria sido necessária se o republicano e democrata tivessem se comportado antes da mesma maneira que hoje.

Foram pouquíssimos os momentos em que eles interferiram nas falas um do outro, sendo bem mais comum eles sobreporem as suas vozes à da mediadora Kristen Welker, que foi firme ao tentar obter respostas precisas e mudar de tópico quando o tempo se esgotava. Dessa maneira, os eleitores tiveram uma oportunidade melhor de compreender os posicionamentos e as propostas de cada um dos candidatos.

Apesar do teor mais calmo do debate, o conflito entre os pontos de vista não poderia ser mais dramático. Biden e Trump mostraram, mais uma vez, ter diferenças inconciliáveis nas suas maneiras de encarar a pandemia do novo coronavírus, as questões ambientais, o racismo estrutural, os programas sociais e as políticas migratórias. Além disso, como já era esperado, os candidatos se acusaram mutuante de fazer negociações antiéticas com países como a Rússia e a China.

No que diz respeito ao presidente, sua atuação foi muito mais contida do que o usual ao enfrentar seu oponente, o que está sendo bem visto pela mídia norte-americana. Porém, mais uma vez Donald Trump falhou em dar declarações precisas diante dos questionamentos feitos por jornalistas. Ele não soube responder, por exemplo, quando serão localizados os pais das crianças que foram separadas de suas famílias na fronteira dos Estados Unidos. O republicano também deu afirmações contraditórias sobre quando a vacina contra o novo coronavírus estará disponível no país.

No entanto, Donald Trump parece ter sido bem sucedido na tentativa de pintar Joe Biden como um típico político que “fala, mas não cumpre”. O presidente utilizou vários momentos ao longo do debate para apontar que o democrata teve a oportunidade de implementar os seus planos de governo enquanto foi vice-presidente de Barack Obama, entre 2009 e 2017. Na maior parte das ocasiões, Biden não respondeu diretamente a essas acusações. Trump deu sua cartada final se diferenciando como um empreendedor e afirmando que decidiu se candidatar à presidência por acreditar que o governo Obama-Biden fez “um péssimo trabalho”.

O democrata acertou, no entanto, na sua declaração final. Ele afirmou que, caso seja eleito presidente dos Estados Unidos, governará buscando representar todos os norte-americanos, inclusive os republicanos que não tiverem votado nele. “Eu garantirei que você serão representados”, afirmou. Joe Biden afirmou, ainda, que “o que está nas urnas esse ano é a honra, a decência desse país. Eu quero garantir que vocês tenham o que não tiveram nos últimos anos”.

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