Exército da Ucrânia resiste a tentativas russas de cercar epicentro ucraniano da guerra
Estado-maior ucraniano informou que repeliu mais de 130 ataques inimigos nas últimas 24 horas em vários locais do front; situação foi considerada difícil, mas sob controle
O Exército russo tentava neste domingo, 5, um cerco completo a Bakhmut, cidade do leste da Ucrânia que se converteu no epicentro da guerra, onde as tropas de Kiev se esforçavam para resistir. “Gostaria de prestar uma homenagem especial à bravura, força e resiliência dos soldados que combatem no Donbass (região onde fica Bakhmut)”, disse o presidente Volodymyr Zelensky em seu discurso diário. Ele chamou de “dolorosa e difícil” a batalha pelo Donbass e agradeceu a seus soldados, que “repeliram ataques, destruíram o ocupante, enfraqueceram as posições e a logística do inimigo e protegeram nossas fronteiras e cidades”. O estado-maior ucraniano informou que repeliu “mais de 130 ataques inimigos” nas últimas 24 horas em vários locais do front, incluindo Liman, Bakhmut, Kupiansk e Avdiivka. “O inimigo ainda tenta cercar a cidade de Bakhmut”, acrescentou, sem dar detalhes.
Serhiy Cherevaty, porta-voz do Grupo de Forças do Leste das Forças Armadas Ucranianas, afirmou que cidades ao norte e oeste de Bakhmut foram atacadas. Pouco antes, ele havia afirmado que a situação em Bakhmut era “difícil”, mas “sob controle”. O Exército dos separatistas pró-Rússia de Donetsk divulgou hoje um vídeo em que supostos combatentes do grupo Wagner afirmam que conquistaram a estação ferroviária de Stupky, no subúrbio do norte de Bakhmut. A batalha por essa cidade, que já dura meses, ganhou um valor simbólico para ambos os lados. Neste sábado, o Instituto de Estudos da Guerra (ISW), um think tank americano, observou que as forças russas ganharam posições em Bakhmut que poderiam permitir que os soldados contornassem algumas defesas ucranianas.
O ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, realizou uma inspeção de um posto de comando no front leste da Ucrânia, na “direção Donetsk-Sul”, informou o Ministério da Defesa no sábado, sem especificar o local ou a data exata da visita. Para o ISW, a visita de Shoigu foi “aparentemente destinada a avaliar as baixas perto de Vugledar e a possibilidade de continuar uma ofensiva nessa direção”. Segundo imagens divulgadas no sábado pelo Exército russo, o ministro também participou de uma reunião com o alto comando encarregado da ofensiva na Ucrânia, incluindo o chefe do Estado-Maior, Valeri Gerasimov. Nas últimas 24 horas, foram registrados tiroteios em áreas residenciais, nos quais cinco pessoas morreram do lado ucraniano, segundo as autoridades.
A promotoria de Kharkiv, no nordeste da Ucrânia, anunciou a abertura de uma investigação de crimes de guerra sobre a morte de um casal de civis em um ataque russo que atingiu seu veículo neste domingo na cidade de Budarky. O balanço do ataque contra um edifício residencial em Zaporizhzhia (sudeste), na noite de quarta-feira, subiu para 13 mortos, incluindo uma criança. O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, denunciou a “tomada de reféns” da usina de Zaporizhzhia , a maior da Europa, e pediu aos países ocidentais que sancionem a indústria nuclear russa. Em entrevista à AFP, o prefeito da cidade de Energodar – onde fica a central nuclear – disse que a usina foi fechada e transformada em “base militar” russa.
*Com informações da agência AFP
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.