Como é escolhido o filme brasileiro que vai concorrer ao Oscar?

‘Central do Brasil’, em 1999, foi o último longa-metragem nacional que concorreu à premiação na categoria de melhor filme estrangeiro

  • Por Lívia Zanolini
  • 09/10/2020 10h00 - Atualizado em 12/10/2020 15h10
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Hahn Lionel/ABACA/Reuters Pela primeira vez, a pré-indicação do filme brasileiro será feita por uma comissão selecionada unicamente pela Academia Brasileira de Cinema, sem a participação do governo federal

O Oscar é considerado o prêmio mais importante e prestigiado do cinema. É concedido, todos os anos, pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos e reúne as principais produções e profissionais do setor. Justamente pela importância e o alcance mundial da premiação, a seleção das produções não é tão simples e começa meses antes do grande evento. O Brasil, como qualquer outro país onde não se fala inglês, tem direito de enviar apenas um filme para disputar a categoria de “melhor filme internacional”. E, ainda assim, é uma pré-indicação.

Apenas cinco, entre todas as produções estrangeiras enviadas, serão selecionadas pela academia americana. A escolha este ano, porém, terá novidades. Pela primeira vez, a pré-indicação do filme brasileiro será feita por uma comissão selecionada unicamente pela Academia Brasileira de Cinema. Até então, a Secretaria do Audiovisual, vinculada ao Ministério da Cultura, tinha forte participação na escolha do filme. O que gerava muitos embates políticos, com cineastas acusando o governo de interferir na escolha do filme com base em critérios ideológicos.

Para se candidatar, o filme precisa respeitar algumas regras. Entre elas, ter sido produzido fora dos Estados Unidos, ter diálogos que não sejam em inglês na maior parte do tempo e ter sido lançado e exibido inicialmente no Brasil. Excepcionalmente este ano, por causa da pandemia do novo coronavírus e o fechamento dos cinemas, a data de estreia teve o prazo estendido até 31 de dezembro de 2020. Além disso, os filmes que estrearam em plataformas de streaming também poderão concorrer à premiação neste ano.

Até hoje, quatro filmes nacionais chegaram a ser acolhidos pela comissão americana para concorrer ao Oscar na categoria de “melhor filme internacional”, mas nenhum deles trouxe a estatueta para casa. O Pagador de Promessas, dirigido por Anselmo Duarte, em 1963; O Quatrilho, do diretor Fábio Barreto, em 1996; O Que é Isso, Companheiro?, dirigido por Bruno Barreto, em 1998; e Central do Brasil, de Walter Salles, em 1999.

Central do Brasil marcou o cinema nacional pelas duas indicações de peso. Além de melhor filme estrangeiro, a protagonista Fernanda Montenegro disputou o título de melhor atriz. Foi a única brasileira que chegou a concorrer na categoria. Mas, quem levou o prêmio foi a americana Gwyneth Paltrow, com o filme Shakespeare Apaixonado. Central do Brasil perdeu a estatueta para o italiano “A Vida é Bela”, dirigido e estrelado por Roberto Benigni.

Depois disso, nenhuma produção nacional voltou a disputar o Oscar na categoria. Mas o país esteve presente em outras indicações, como “melhor curta metragem”, “melhor filme de animação”, “melhor documentário” e “melhor direção”. Só que, em todas as vezes, o prêmio escapou. Por causa da pandemia, o Oscar 2021, que estava previsto para fevereiro, foi adiado para 25 de abril. Tá explicado?

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