O que é a Selic e como o aumento da taxa impacta a economia do país

Após seis anos de quedas sucessivas, o Comitê de Política Monetária do Banco Central elevou a taxa básica de juros em março de 2021; entenda o que é e qual a importância desse indicador econômico

  • Por Lívia Zanolini
  • 05/04/2021 15h35 - Atualizado em 05/04/2021 15h38
Marcos Santos/USP Imagens Após seis anos de quedas sucessivas, o Comitê de Política Monetária do Banco Central elevou a taxa básica de juros para 2,75% em março de 2021; entenda o motivo O aumento das commodities no exterior, o desequilíbrio entre oferta e demanda no ambiente doméstico e a falta de insumos e componentes para a indústria são alguns dos fatores que pressionam a inflação no país

A Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira e serve de referência para todas as demais taxas de juros do país, como empréstimos, financiamentos e investimentos. É a ferramenta usada pelo Banco Central para domar a inflação, que é a variação de preços em um determinado período. Quando a inflação está alta, a tendência é que o Banco Central eleve a Selic. Com juros mais robustos, o consumo tende a diminuir, forçando os preços a caírem. Já quando a inflação está baixa, sinal de que a economia está desaquecida, o BC reduz a Selic para estimular o consumo. Para tentar aquecer a economia, ainda mais fragilizada pela pandemia, o Banco Central iniciou sucessivas reduções na Selic, passando de 14,25%, em 2015, para 2% no ano passado – o menor patamar da história. E assim permaneceu até março deste ano, quando o Copom elevou a taxa para 2,75%.

Segundo a jornalista Denise Campos de Toledo, que é especialista em economia e apresentadora na Jovem Pan, esse aumento na Selic, após seis anos de quedas sucessivas, está relacionado a diversos fatores que têm mantido a inflação acima das projeções. Entre eles, o aumento das commodities no exterior, desde alimentos até minério de ferro, o desequilíbrio entre oferta e demanda no ambiente doméstico, a falta de insumos e componentes para a indústria, além de todas as incertezas políticas e econômicas no país. “O Banco Central teve de retomar a elevação dos juros básicos porque se percebeu que a inflação não estava pressionada apenas temporariamente. As projeções de inflação começaram a encostar muito no teto da meta deste ano, que é 5,25%, com projeções piores também para o ano que vem”.

Toledo esclarece, ainda, que, além de controlar a inflação e ajustar a demanda mais à frente, ao elevar a taxa de juros o Banco Central também espera estimular novos investimentos e a entrada de dólares no Brasil. Para isso, o Copom já sinalizou que haverá novos aumentos. “O mercado está prevendo um aumento ainda maior do que o sinalizado pelo Banco Central. O Copom sinalizou 0,75% de aumento na próxima reunião, enquanto o mercado já trabalha com 1%, com a Selic podendo chegar a 6% no final deste ano. Isso tem impacto negativo sobre o ritmo de recuperação da economia à medida que tende a esfriar a demanda e o crédito fica mais caro. Então é um dilema que o Banco Central tem de resolver. Aumenta o juros para controlar a inflação e evitar um mal maior”. Tá Explicado?

Gostaria de sugerir algum tema para o programa? É simples. Encaminhe a sugestão para o e-mail online@jovempan.com.br e escreva Tá Explicado no assunto. Participe!

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.