Ibovespa bate recorde pelo segundo dia seguido e fecha a semana acima dos 125 mil pontos

Pregão foi impactado pelo otimismo internacional com a ‘onda azul’ nos EUA e avanços para a imunização contra a Covid-19; apesar do cenário positivo, falta de perspectivas na agenda de reformas faz dólar superar R$ 5,41

  • Por Jovem Pan
  • 08/01/2021 18h34 - Atualizado em 08/01/2021 18h35
KEVIN DAVID/A7 PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Mercado financeiro Apesar de otimismo global, mercado brasileiro é impactado pelo noticiário doméstico

O Ibovespa bateu recorde pelo segundo pregão consecutivo nesta sexta-feira, 8, ao fechar acima dos 124 mil pontos. O principal índice da Bolsa de Valores brasileira encerrou a primeira semana de negociações com avanço de 2,20%, aos 125.076 pontos. Na véspera, o Ibovespa já havia renovado a máxima atingida em 23 de janeiro de 2020 ao fechar o dia aos 122.385 pontos. A recuperação do índice em plena pandemia está de acordo com a opinião de analistas que enxergam a Bolsa brasileira em patamares de 130 mil pontos até o fim do ano, impulsionada principalmente pela recuperação da economia global após a imunização contra o novo coronavírus. A sequência de recordes é resultado do otimismo dos mercados internacionais com a “onda azul” dos democratas nos Estados Unidos e a perspectiva de iniciar a vacinação contra a Covid-19 no Brasil ainda em janeiro. O cenário positivo, no entanto, não foi o suficiente para valorização do real ante o dólar. Apesar de a divisa norte-americana ter perdido força no câmbio internacional, o cenário político e falta de perspectivas para o andamento da agenda de reformas fez o dólar disparar e fechar a sexta com o avanço de 0,32%, a R$ 5,416. Esta é a maior cotação desde 23 de novembro, quando a divisa fechou a R$ 5,433. Em um dia de forte oscilação, a moeda chegou a bater máxima de R$ 5,440, enquanto a mínima não passou de R$ 5,322. A alta acumulada na primeira semana de 2021 é de 4,39%.

O pregão brasileiro seguiu o otimismo nas bolsas internacionais com a perspectiva de novos estímulos para a economia dos Estados Unidos sob a gestão de Biden. Os mercados ainda repercutem o comando da Presidência, Senado e Câmara pelos democratas após a definição das eleições legislativas da Geórgia, e os efeitos dessa hegemonia na recuperação da maior economia do globo. Nesta sexta, o presidente eleito dos Estados Unidos terminou de nomear os principais cargos na Casa Branca. A governadora de Rhode Island, Gina Raimondo, foi escolhida para chefiar a secretaria do comércio, enquanto o prefeito de Boston, Marty Walsh, ficará com a secretaria do trabalho.“Esta equipe nos ajudará a sair da crise econômica e de empregos mais desigual da história moderna, construindo uma economia na qual todos os americanos participem do negócio”, disse Biden. A despeito do aumento de mortes pelo novo coronavírus em diversas regiões dos EUA, o andamento das campanhas de imunizações em diversos países sem o registro de incidentes graves também gera a perspectiva da recuperação da economia antes do esperado e anima os investidores.

Já no noticiário doméstico, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recebeu nesta sexta dois pedidos para autorizar a imunização emergencial da população contra o novo coronavírus. O Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo, encaminhou o pedido de liberação da CoronaVac após apresentar eficácia de 78% do imunizante. Horas depois, a Fiocruz pediu o requerimento para liberação da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e AstraZeneca. Segundo a Anvisa, o pedido da Fiocruz é para o uso de 2 milhões de doses de vacinas que devem ser importadas do laboratório Serum, sediado na Índia. A população do Reino Unido, que já estava sendo vacinada com o imunizante da Pfizer, começou a receber doses da vacina de Oxford na última segunda-feira, 4. A Anvisa tem 10 dias para analisar os documentos, mas ressalta que o prazo não considera o eventual tempo que o processo possa ficar pendente de informações, que devem ser apresentadas pelo laboratório. Os pedidos ocorreram no mesmo dia que o governo de São Paulo divulgou o aumento de 34% de mortes em relação a doença na última semana e a classificação de áreas do estado na fase laranja do plano de contenção. Dados da secretaria de Saúde aponta que o estado chegou a 48.029 óbitos nesta sexta. 

A expectativa é que a imunização inicie até o fim deste mês. Desde 2020, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB) afirma que a CoronaVac começará a ser aplicada nos paulistas em 25 de janeiro. A data foi confirmada nesta quinta durante a apresentação dos resultados clínicos do imunizante. O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou também na quinta que, “na melhor hipótese”, a vacinação em todo o território nacional inicia no dia 20 de janeiro, enquanto no pior dos cenários, a campanha deve começar entre 10 de fevereiro e final de março. De acordo com o ministro, a expectativa é a distribuição de de 30 milhões de doses por mês, considerando as produções da Fiocruz e do Instituto Butantan. Pazuello também reiterou a informação de que, até o final de 2021, o Brasil terá 354 milhões de doses à disposição, sendo 254 milhões desenvolvidas pela Fiocruz e outras 100 milhões pelo Butantan.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.