Ibovespa recua com apreensão global; dólar engata segunda queda seguida e fecha a R$ 5,31

Avanço da pandemia e anúncios do Fed trouxeram apreensão aos mercados; no cenário doméstico, investidores analisam início de vacinação e entraves pelo comando do Congresso

  • Por Jovem Pan
  • 13/01/2021 18h26 - Atualizado em 13/01/2021 18h58
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Arquivo/Agência Brasil Cédulas de dólar sobre fundo branco Dólar volta ao patamar de R$ 4,65 com temor internacional

O dólar caiu pelo segundo dia consecutivo nesta quarta-feira, 13, com os mercados globais apreensivos com o aumento de casos do novo coronavírus em todo o mundo e os indícios do Banco Central dos Estados Unidos (Fed, na sigla em inglês) sobre possíveis cortes nos estímulos para a recuperação do país. No cenário doméstico, investidores analisam o início da vacinação contra a Covid-19 na próxima semana e o desenrolar das disputas para controle da Câmara dos Deputados e Senado. A divisa norte-americana fechou com queda de 0,22%, a R$ 5,310. O câmbio bateu máxima de R$ 5,354, enquanto a mínima não passou de R$ 5,271. O dólar fechou na véspera cotado a R$ 5,32 após forte queda de 3,32%, a maior queda diária desde 8 de junho de 2018, quando tombou 5,59%. Seguindo a preocupação dos mercados internacionais, a Bolsa de Valores brasileira operou em recuo durante todo o pregão desta quarta. O Ibovespa, principal índice da B3, encerrou com queda de 1,67%, aos 121.933 pontos.

Dados do “livro bege”, como é chamado o documento com informações sobre as condições da economia dos EUA, apontam que todos os distritos pesquisados pela autoridade monetária registraram leve aumento de preços, o que indica retomada das atividades. Apesar do tom otimista, a autoridade financeira norte-americana afirma que a ampliação da pandemia do novo coronavírus é um risco para a recuperação dos índices. Os EUA registraram quase 23 milhões de infecções, enquanto o número de óbitos superou 382 mil, segundo dados desta quarta da Universidade Johns Hopkins. As tensões políticas na Casa Branca também abalam o humor dos mercados. A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos iniciou nesta quarta a sessão que decidirá sobre a abertura de um processo de impeachment contra o presidente Donald Trump. O chefe de governo está sendo acusado de ter incitado os seus apoiadores a invadirem o Capitólio no último dia 6, incidente que resultou em cinco mortes e interrompeu momentaneamente a oficialização da vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais. O processo ocorre após o vice-presidente, Mike Pence, se negar a invocar a 25ª emenda para destituir Trump.

No noticiário doméstico, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, anunciou que a vacinação contra a Covid-19 começa ainda no mês de janeiro no Brasil. A afirmação foi feita durante pronunciamento em Manaus sobre as ações de enfrentamento à Covid-19. Segundo o ministro, a imunização deve começar na capital do Amazonas, considerando o preocupante cenário de mortes e aumento de internações no município. “Vamos vacinar em janeiro e Manaus será a primeira a ser vacinada. Ninguém receberá a vacina antes de Manaus. A vacina será distribuída simultaneamente em todos os estados na sua proporção e população. E Manaus terá prioridade também”, afirmou. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deve anunciar neste domingo se aprova ou não os pedidos de imunização emergencial feitos pelo Instituto Butantan e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), parceiras de laboratórios internacionais na produção do imunizante.

Os investidores ainda acompanham os desdobramentos das disputas pelo controle da Câmara dos Deputados e Senado. As eleições para a presidência das duas Casas está marcada para 1º de fevereiro e é motivo de disputa entre grupos de apoio e oposição ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). As negociações para agregar o maior número de votos congelaram os debates para aprovação dos textos estruturantes da economia. A expectativa do mercado é que pautas fundamentais para a recuperação do país no pós-pandemia, como as reformas tributária e administrativa, sejam tratadas imediatamente após a definição das presidências. Investidores também analisam a alta de 2,6% no setor de serviços em novembro, o sexto mês seguido de resultado positivo. Apesar do avanço na atividade mais importante para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e responsável pelo maior mercado de trabalho, o setor ainda não recuperou as perdas geradas pela pandemia do novo coronavírus.

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