Em despedida, Macri pede que não deixem Argentina ‘ser roubada’ e promete ‘oposição construtiva’
O presidente da Argentina, Mauricio Macri, se despediu do cargo, neste sábado (7), em um evento que reuniu milhares de simpatizantes do governo na Praça de Maio, um dos principais pontos turísticos de Buenos Aires. Derrotado na eleição de outubro em primeiro turno pelo peronista Alberto Fernández, que toma posse na próxima terça-feira (10), Macri fez um discurso firme e pediu para que os argentinos não deixem que o país “seja roubado”.
“Temos que cuidar da nossa querida Argentina para que não a roubem, não a maltratem, não a enganem e não se descuidem dela”, afirmou, em uma referência velada à ex-presidente Cristina Kirchner, acusada em uma série de casos de corrupção, que foi eleita como vice de Fernández.
“Somos muitos e estamos cada vez mais juntos para defender as coisas que conseguimos, defender a Argentina se alguém quiser abusar dela”, continuou, emocionado.
“Oposição Construtiva”
Apesar do tom mais crítico, Macri afirmou que fará uma “oposição construtiva” ao governo de Fernández. Aos seus simpatizantes, o quase ex-presidente disse que o Mudemos, coalizão liderada por ele, representa uma “alternativa saudável de poder”.
“Quero dizer ao presidente eleito que ele pode confiar que, depois de muito tempo, vai encontrar uma oposição construtiva e não destrutiva. Defenderemos a democracia, a qualidade institucional e as liberdades dos cidadãos, assim como uma justiça independente”, prometeu.
Crise
Macri deixa o poder depois de quatro anos e entrega o país em uma grave crise econômica, com alta inflação e forte desvalorização do peso em relação ao dólar. O Observatório da Dívida Social da Universidade Católica da Argentina calcula que 40,8% da população vive em condições de pobreza.
Na última quinta-feira (5), Macri fez um balanço de seu governo e admitiu que o resultado das reformas econômicas promovidas por ele não “chegaram a tempo” e lamentou que o país não tenha conseguido se recuperar da crise que eclodiu em abril de 2018.
“Lamento não ter podido oferecer melhores resultados nesses anos. Batemos na mesma pedra que afeta há tantas décadas a vida do argentino: o dólar. Com cada aumento do dólar veio depois da inflação e o crescimento da pobreza. Não vou embora satisfeito com o quanto a economia cresceu no meu mandato e com os resultados da nossa luta contra a inflação e a pobreza”, disse.
Durante o governo de Macri, a Argentina precisou recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para pedir um empréstimo de quase US$ 57 bilhões, o maior da história da entidade, dos quais US$ 44 bilhões já foram repassados ao país.
Fernández
No sábado (7), Fernández anunciou sua equipe de governo, contando com dois nomes para tentar tirar o país da crise: Martín Guzmán, que assume o Ministério da Economia, e Matías Kulfas, que comandará a pasta de Desenvolvimento Produtivo.
O novo governo também organizará um evento na Praça de Maio, na próxima terça-feira (10), para celebrar a posse de Fernández.
*Com informações da Agência EFE
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