Como é calculada a eficácia de uma vacina e o que isso representa?

Pesquisas apontaram que os principais imunizantes contra a Covid-19 em desenvolvimento no mundo são eficazes, com taxas que variam de 50% a 95%; entenda como é feito esse cálculo e o que ele significa

  • Por Lívia Zanolini
  • 28/01/2021 15h07 - Atualizado em 28/01/2021 15h17
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Pixabay/fernandozhiminaicela A CoronaVac, a primeira vacina contra a Covid-19 aplicada no Brasil, apresentou 50,4% de eficácia global nos estudos clínicos desenvolvidos no país

A eficácia de uma vacina é a capacidade que ela tem de evitar que o paciente fique doente, ou, pelo menos, de impedir casos graves. A taxa é calculada da seguinte forma. Imagine um grupo de 10 mil voluntários. Metade deles recebe um imunizante e a outra metade um placebo. Suponha que 300 pessoas fiquem doentes. Destas, 270 pertencem ao grupo que recebeu o placebo, ou seja, 5,4%. Os outros 30 são do grupo que realmente foi imunizado, o que representa 0,6%. A variação entre esses dois percentuais é o que indica a eficácia global da vacina. Neste exemplo, a taxa é de 89%. A CoronaVac foi a primeira vacina contra a Covid-19 aplicada no Brasil. O Instituto Butantan divulgou que o imunizante apresentou 50,4% de eficácia global, conforme os estudos clínicos desenvolvidos no país. Em análises mais detalhadas, a eficácia chega a 78% para casos leves e a 100% para moderados e graves, que são aqueles que necessitam de hospitalização. Ou seja, as pesquisas mostram que, ao tomar a CoronaVac, o paciente diminui pela metade a chance de se infectar, reduz em 78% a possibilidade de contrair o vírus e precisar de cuidado médico e em até 100% a possibilidade de internações. Porém, nesse último caso, pesquisadores esclarecem que o número não apresenta relevância estatística e que os estudos precisam de mais acompanhamento.

Segundo o imunologista Jorge Kalil, que é diretor do Laboratório de Imunologia do InCor do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, no geral, a conclusão é que a vacina desenvolvida no Butantan é capaz de diminuir a circulação do vírus e de evitar casos graves que levam à hospitalização e a morte. “Não se estudou detalhes maiores do tipo de resposta porque precisávamos de uma vacina muito rápido. Existem grupos que estão fazendo essa outra parte, que é mais embasada em conhecimento científico, sobre como é a resposta protetiva contra esse vírus. E as vacinas virão depois. Então eu acredito que nós teremos vacinas de fase 2, de fase 3, que vão ser talvez mais eficazes, que vão proteger por um tempo maior, e vão ser as que serão usadas depois por todo mundo. Mas nós precisamos agora parar com a doença. Então as vacinas que tiverem agora, se tiverem uma eficácia acima de 50%, já serão úteis”. Além da Coronavac, outras vacinas em desenvolvimento no mundo também já divulgaram seus resultados de eficácia.  A de Oxford apresenta taxa de 70%. Sputnik V, Moderna e Pfizer/BioNTech ficaram acima de 90%. Tá Explicado?

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