Novas cepas do coronavírus: entenda como surgem e se interferem na eficácia das vacinas

Pelo menos quatro variantes descobertas recentemente deixaram os cientistas em alerta, duas delas teriam surgido aqui no Brasil; entenda como essas mutações influenciam o avanço da pandemia

  • Por Lívia Zanolini
  • 10/02/2021 16h05 - Atualizado em 10/02/2021 16h08
EFE/EPA/Leszek Szymanski cientista trabalhando em laboratório Apesar das suspeitas, não há comprovação de que as variantes sejam mais agressivas e que tenham sido a principal razão para o aumento de casos de Covid-19 em vários países

A variante do coronavírus nada mais é do que o próprio vírus que sofreu mutações genéticas. Essas mudanças acontecem naturalmente, com o passar do tempo, ao longo dos processos de replicação desses microrganismos. E quando essas mutações trazem benefícios para o vírus, se estabelece o que os cientistas chamam de variante com mutação adaptativa. E são essas novas linhagens que, depois, acabam prevalecendo no processo de seleção natural. Entre as mais variadas cepas do coronavírus, até agora foram detectadas ao menos quatro que merecem atenção, todas com casos registrados no Brasil. Segundo pesquisadores, duas surgiram aqui no país, uma em Manaus e a outra no Rio de Janeiro. As demais tiveram origem no Reino Unido e na África do Sul. Até agora, apesar das suspeitas, não há comprovação de que essas variantes sejam mais agressivas e que tenham sido a principal razão para o aumento de casos da doença em vários países.

Porém, ainda assim, a descoberta preocupa os pesquisadores, conforme explica o clínico geral e doutor em imunologia, Roberto Zeballos, que é consultor da Jovem Pan. “Essas mutações adaptativas se revelaram, em laboratório, com uma capacidade de replicação maior e ainda evasão a anticorpos neutralizantes de soro de pessoas que haviam contraído a doença previamente. Isso colocou os cientistas em alerta, porque poderia aumentar o número de reinfecções e as vacinas também poderiam não resolver o problema. A boa notícia é que o número de reinfecções ainda continua baixo, e, quando a pessoa tem a reinfecção ela responde com quadro mais leve. Talvez porque a resposta imunológica é muito mais abrangente do que a produção de anticorpos. Então eu acredito que o peso da transmissão está muito mais associado ao comportamento, com o descuidado, com o afrouxamento das medidas básicas de higienização, do que propriamente à mutação genética. Quem vai dizer isso é o tempo”, esclarece

Até agora, estudos preliminares apontaram que as vacinas das principais farmacêuticas se mantiveram eficazes contra a Covid-19, apesar das mutações. A de Oxford, no entanto, em análise que ainda está sendo revisada pela comunidade científica, apontou baixa proteção contra a variante sul africana. De qualquer forma, a orientação é não se descuidar e manter as medidas básicas de prevenção. Use máscara, lave as mãos com frequência e mantenha o distanciamento. Tá Explicado? 

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