Dólar vai a R$ 5,76 com baixas em ministérios e risco fiscal; Bolsa sobe

Em poucas horas, Itamaraty, Advocacia-Geral da União e Ministério da Defesa perderam seus comandantes em meio à crise política

  • Por Jovem Pan
  • 29/03/2021 18h21 - Atualizado em 29/03/2021 19h22
Arquivo/Agência Brasil Cédulas de dólar desfocadas Dólar sobe e interrompe sequência de seis semanas seguidas de queda

O mercado financeiro operou nesta segunda-feira, 29, voltado para as baixas no governo de Jair Bolsonaro (sem partido), que em intervalo de poucas horas perdeu os ministros de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e da Defesa, Fernando Azevedo e Silva. Para fechar, José Levi, ministro-chefe da Advocacia Geral da União (AGU), também pediu para deixar o cargo. O dólar encerrou com alta de 0,43%, a R$ 5,766 após bater máxima de R$ 5,807 e mínima de R$ 5,738. Ignorando o cenário interno e impulsionada pela alta do minério de ferro, o Ibovespa, referência da B3, fechou o pregão com alta de 0,56%, aos 115,418 pontos.

A segunda-feira começou com a iminência de saída de Ernesto Araújo do Itamaraty após o acirramento da pressão de congressistas insatisfeitos com o comando da política internacional brasileira. A gota d’água foi a divulgação pelo ex-chanceler insinuando que o movimento dos parlamentares para a sua saída estava relacionado a interesses de senadores na licitação da tecnologia 5G, que deve ocorrer neste ano. Em um série de dois tuítes, o chanceler relatou uma reunião com a senadora, atual presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE) da Casa, na qual ela teria pedido um “gesto em relação ao 5G”. Em resposta, a parlamentar  afirmou que o chanceler, a quem chamou de “marginal”, resumiu “três horas de um encontro institucional a um tuíte que falta com a verdade.” Diante da repercussão, Araújo entregou o cargo ao presidente, que ainda não se manifestou sobre a decisão.

Já no fim da tarde, o mercado foi pego de surpresa pelo anúncio da demissão do ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, após reunião com Bolsonaro. Em nota oficial, Azevedo e Silva afirmou que sairá do governo federal com a certeza de que cumpriu sua missão e não deixou claro o motivo da decisão. O ministro-chefe da Advocacia Geral da União (AGU), José Levi, foi o terceiro membro do Executivo à desembarcar nesta segunda-feira ao entregar sua carte de demissão ao presidente. O atual ministro da Justiça, André Mendonça, deve reassumir oposto na AGU.

Os investidores também repercutiram a aprovação do Orçamento de 2021 pelo Congresso na semana passada com previsão de gastos de até R$ 40 bilhões com despesas obrigatórias, incluindo os pagamentos da Previdência Social e folha salarial dos servidores. O entendimento do mercado é que o valor está abaixo do real, o que pode levar a paralisação da máquina pública. Ao mesmo tempo, os Congressistas aprovaram o aumento de R$ 26 bilhões para emendas parlamentares.

 

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