Por que a conta de luz está mais cara? Entenda como a falta de chuva impacta a tarifa

O diretor da Aneel, André Pepitone, estima um aumento de 7,5% aos consumidores residenciais este ano e de 5% em 2022; conheça as razões para a alta nos preços

  • Por Lívia Zanolini
  • 07/07/2021 15h30 - Atualizado em 07/07/2021 15h36
Kelsen Fernandes/ Fotos Públicas Brasil vive a pior crise hídrica dos últimos 91 anos Usina Hidrelétrica de Itaipu, na fronteira entre o Brasil e o Paraguai

O último período chuvoso, que foi de setembro de 2020 a março deste ano, registrou a pior entrada de água nos reservatórios das principais hidrelétricas do país em 91 anos. E a previsão é que, no Sudeste e no Centro-Oeste, os níveis, em novembro, atinjam 10% da capacidade – o menor índice mensal em 20 anos. Apesar disso, o governo garantiu que não haverá apagão neste ano, nem racionamento obrigatório. Para isso, algumas medidas foram adotadas, como a importação de energia da Argentina e do Uruguai e o acionamento de mais usinas termelétricas – que são mais caras. O custo adicional com o reforço das térmicas foi de R$ 4,3 bilhões, de janeiro a abril deste ano, e, até novembro, a previsão é que o montante chegue a R$ 9 bilhões. E, claro, isso tem reflexo direto no bolso do consumidor.

O diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), André Pepitone, estima um aumento de 7,5% na tarifa residencial este ano. Em 2022, a alta deve ser de 5%. Atualmente, está em vigorar a bandeira tarifária vermelha, patamar 2. O nível mais caro do sistema, que reflete o custo de geração de eletricidade no país. A bandeira verde é utilizada quando as condições de geração de energia estão favoráveis, sem acréscimo na tarifa. Quando as condições se tornam um pouco menos favoráveis, entra em vigor a bandeira amarela, com acréscimo na conta de R$ 1,34 a cada 100 quilowatts-hora consumidos. A partir do momento em que é preciso ampliar a operação das termelétricas, a bandeira vermelha é acionada. No patamar 1, o acréscimo é de R$ 4,16 para cada quilowatts-hora. E, no patamar 2, de R$ 9,49, conforme reajuste anunciado no fim de junho.

E o cálculo é feito assim. Imagine uma casa em que os moradores consumiram, em um mês, 200 quilowatts-hora de energia. Para conferir o valor da conta, basta multiplicar o consumo pelo valor do quilowatt-hora, que, na cidade de São Paulo, custa R$ 0,53. O que, neste caso, daria R$ 106. Com a bandeira tarifária vermelha, patamar 2, haveria o acréscimo de R$ 18,98. E ainda seria preciso calcular os impostos para se chegar ao total da conta. Para pagar menos, o jeito é economizar. Algumas dicas são tomar banhos mais curtos, não deixar as luzes acesas sem necessidade, retirar os aparelhos da tomada quando possível e regular a temperatura interna da geladeira conforme o manual de instruções.

Em junho, o Congresso aprovou a medida provisória que viabilizou a privatização da Eletrobras, a maior empresa de energia elétrica da América Latina. O objetivo do governo é fazer com que a União, que hoje detém 60% das ações da empresa, passe a ter menos de 50%. E, com a maior participação da iniciativa privada, a expectativa é ofertar um serviço melhor, por um preço menor. Por outro lado, parlamentares de oposição criticam a inclusão de alguns dispositivos na proposta – os chamados “jabutis” – que, segundo cálculos de entidades do setor elétrico, irão, na realidade, deixar a conta de luz mais cara aos consumidores. Com o tempo, os resultados virão. Tá Explicado?

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